Bahige Fadel

A Hora da Mudança, por Bahige Fadel

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A HORA DA MUDANÇA

Esses dias, procurando algo para ver na TV, encontrei um filme italiano, recente e desconhecido, que me chamou a atenção. O filme se chama A HORA DA MUDANÇA. A história se passa numa cidadezinha ao interior da Itália. O prefeito dessa cidade, que pleiteia a reeleição, é um demagogo, corrupto e incompetente. Faz a boa política para os amigos, não quer se comprometer com coisas importantes e fecha os olhos para as necessidades do município e da população. É capaz de mandar fazer uma ciclovia, mas é incapaz de impedir que os motoristas estacionem seus carros no local, para que os ciclistas possam passar. É capaz de construir obras faraônicas, que não servem para nada, além de fazer propaganda de seu governo, mas é incapaz de tapar um buraco na rua ou de organizar a coleta de lixo na cidade. Os impostos estão todos defasados e não são cobrados. Assim, a prefeitura não tem dinheiro para a educação e saúde. Os funcionários não trabalham. Alguns sequer sabem qual é a sua função. Só lembram que são funcionários da prefeitura quando vão receber os seus salários. Até o padre se beneficia. Com o dinheiro de seus fiéis, constrói uma linda casa para ele, mas é isento de impostos.

A população se cansou de tanta incompetência e imoralidade e resolveu mudar. Nas eleições, o eleitorado votou em peso num professor muito querido e honesto, que apresentava um plano de governo para recuperar a cidade. E começou a colocá-lo em prática. Desde o primeiro dia de governo, começaram as mudanças. Obrigou os funcionários a trabalhar e a cumprir com as suas funções. Os guardas florestais, finalmente, souberam que na área do município existia uma floresta para ser guardada. Outros funcionários conheceram o departamento em que deveriam desempenhar suas funções. Os impostos foram atualizados. As pessoas que não cumpriam com as normas legais eram multadas. Até o padre teve que pagar imposto por sua mansão. Uma fábrica poluente, que não queria adequar-se às normas de saúde, foi fechada, gerando muito desemprego. Casas construídas ilegalmente foram derrubadas. Estabelecimentos comerciais irregulares foram fechados. Um dos moradores contestou o aumento do imposto predial, dizendo que não se podia cobrar imposto pela parte da casa construída clandestinamente. O cunhado do prefeito dizia que tinha direito a benefícios da prefeitura por sua condição familiar. Uma tragédia! Desconheceram que a cidade estava mais limpa e que o prefeito estava simplesmente cumprindo com o seu programa de governo.

            Comandada pelo padre, a população fez uma campanha pela renúncia do prefeito honesto, justo e eficiente. E a cidade voltou ao caos, com o prefeito corrupto e incompetente.

É ficção, eu sei, mas está bem perto da realidade. É que as mudanças não ocorrem apenas com a mudança do prefeito ou do presidente ou do vereador. A mudança só será verdadeira quando nós mesmos mudarmos. Um cozinheiro não consegue mudar o sabor da comida se usar sempre o mesmo tempero. A gente tem que mudar e fiscalizar nosso vizinho, para ver se ele não está boicotando as mudanças. Caso contrário, será só oba, oba. A mudança será para ficar tudo igual. E infelizmente, muita gente pensa em mudanças no governo, desde que não se tirem os privilégios, como, por exemplo, auxílio-moradia para gente que ganha muito bem para ter sua casa ou pagar pelo aluguel.

BAHIGE FADEL

 

 

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