Bahige Fadel

BALANÇO, crônica de Bahige Fadel

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Chegamos a dezembro. O ano já está terminando. Para mim, que sou professor, já está tudo programado. Ainda restam algumas provas finais para os alunos que não tiveram bom desempenho durante o ano. É a última chance de demonstrarem que têm conhecimentos suficientes para a série seguinte. É um período difícil para professores e alunos. É a época em que a gente tenta arrancar o último sumo da laranja, para ver se dá um caldo.

Depois disso, chega o momento de se fazer uma reflexão. O que deu certo? O que deu errado? O que precisa ser aprimorado ou corrigido? Afinal de contas, se não houver uma reflexão sobre sua atividade e, mesmo, a sua vida, a possibilidade de melhorar é quase nada. E não faz sentido se a gente não procurar ser melhor naquilo que faz. Mesmo envelhecendo, a gente tem eu ser sempre novo. A gente tem que se renovar. O que não muda é peça de museu. E professor não é peça de museu.

Depois disso, o descanso, para recuperar as energias. Ninguém é de ferro. Todos precisam recuperar o corpo e o espírito.

Para o comerciante, é um período de muitas atividades. É preciso renovar o estoque das lojas, que sumiu – Graças a Deus! – no Black Friday. As vendas de Natal precisam ser grandes, para se fazer caixa e garantir o sustento da família e o pagamento aos empregados. O comerciante precisa dessas ocasiões especiais – Black Friday, Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais (esse dia está um pouco desprestigiado), Dia dos Namorados… – para incrementar suas vendas. Numa época de vacas magras, com desemprego alto, instabilidade econômica e política, é preciso haver ocasiões que permitem alavancar as vendas, melhorar os negócios.

E na política? Bem, na política, não mudou muita coisa. A oposição continuará criticando a situação. A situação continuará criticando a oposição e tentando realizar alguma coisa diferente para melhorar o país. Os deputados vão usufruir de novas demoradas férias. Deixarão projetos importantes para o ano que vem, não se importarão com a urgência ou a necessidade de sua aprovação.

No ano que vem, atuarão de maneira lenta, já que os interesses serão outros. É que será ano de eleições, e muitos ou concorrerão a novos cargos ou apoiarão aqueles que, se eleitos, os apoiarão depois de dois anos, em novas eleições. Ou seja, essas longas novas férias servirão, não para o descanso, pois já estão devidamente descansados, mas para elaborarem estratégias que aumentarão suas possibilidades de se sustentarem em seus ricos poleiros, sem terem feito muita coisa significativa para melhorar a vida do cidadão.
E assim caminha a humanidade. Quem viver verá. E eu pretendo ver tudo.

BAHIGE FADEL

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