Gente do céu, estou indignado. Confesso que já não sei o que fazer. Estou começando a achar que o ato de votar, que eu tanto defendi em minha vida, é o mesmo que dar sangue pra vampiro, é o mesmo que autorizar a raposa a tomar conta do galinheiro. Estou começando a acreditar nisso. Pode?
É que eu não estou encontrando nenhuma saída positiva para esse imbróglio todo. Não consigo. É demais pro meu gosto e para a minha paciência.
Antes, era para derrubar a esquerda, era manobra das elites, para impedir o poder do povo. E agora? Só pode ser manobra da esquerda para derrubar as elites. Acontece que tanto a esquerda como a direita como o centro, como o goleiro, como o banco de reservas, como o raio que os (eles, não vocês) parta têm culpa no cartório. Nesse jogo de horrores, parece que o único que está fazendo as coisas certinho é o juiz. Está sendo criticado por ambos os lados, mas está apitando direitinho.
Alguns, agora, vêm a público gritando: Diretas-já! Diretas-já para quê? Para votar no Diabo ou em Satanás? Para colocar no poder o Roto ou o Amassado? Para dar um voto de confiança para o Corrupto, o Mentiroso, o Hipócrita ou o Incompetente? Amigo, nós nos tornamos, sem nossa autorização, personagens secundários do filme SE CORRER, O BICHO PEGA; SE PARAR, O BICHO COME. Sim, senhor, você está lá também. Somos aquele personagem insignificante para o enredo, que só é colocado para fazer figuração. Se preferir, somos personagens de um outro filme. É de suspense. SEM SAÍDA.
Você se lembra daquela parábola bíblica do pastor e das cem ovelhas? Linda metáfora, não é? Se fosse escrita hoje, ela seria um pouco diferente. Seria assim: Um pastor tinha cem ovelhas e noventa e nove se desgarraram do rebanho. O pastor deixou a solitária ovelha e foi recuperar as noventa e nove. No meio do caminho, desistiu. É que pensou: Se eu misturar essa única às noventa e nove que desgarraram, é capaz de as noventa e nove fazerem perder a única que não desgarrou. Então, voltou para a única não desgarrada. Só que quando voltou, não a encontrou no lugar em que a havia deixado. Tinha se escondido de vergonha e medo. Os tempos mudaram, sem dúvida.
Que todos os culpados sejam exemplarmente punidos. Ni
nguém tem o direito de humilhar tanto o Brasil e o brasileiro. Merecemos mais respeito e consideração.