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Jovem passa em Medicina na USP após ficar ‘meio ano’ estudando em banheiro

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Em entrevista ao G1, estudante, que fazia faxina para pagar cursinho, contou que passou quase metade do ano estudando em posto de gasolina para passar na prova.

Um estudante de Santos, no litoral de São Paulo, poderá realizar, neste ano, o sonho de estudar medicina na Universidade de São Paulo. Guilherme Nobre, de 19 anos, se apaixonou pela profissão por conta das constantes visitas do pai, que tinha hidrocefalia, aos médicos. Para ser aprovado no curso, ele fez faxina para pagar o cursinho e, nas horas vagas, estudava dentro do banheiro de um posto de combustíveis na cidade onde nasceu.

“No terceiro ano do Ensino Médio eu já estava focado, então comecei a fazer cursinho. Na época, era colégio de manhã, técnico de tarde e o cursinho de noite. Foi bem corrido”, relata. Guilherme conta que sua mãe é frentista, então ele saía do colégio para ir até o posto, tomava um banho e ficava estudando no banheiro durante várias horas. “Passei quase metade do ano estudando no banheiro. Mas ainda não foi em 2016 que consegui nota suficiente”, diz.

O jovem explica que não conseguiu concluir o curso pré-vestibular, pois além de caro, estava no último ano do colégio e do técnico e precisava focar em concluir os estudos. Mas, em 2017, Guilherme afirma que conheceu uma pessoa que foi muito importante para transformar seu sonho em realidade, a professora Eliane Limonti, de 38 anos.

Ele gostou da forma de ensino do curso em que a professora ministrava, mas não tinha dinheiro para pagar. “Ela me deu uma bolsa e, em troca, eu tinha que organizar as coisas, limpar as salas, passar um pano em tudo, trocar o lixo e lavar os banheiros. Eu dependia daquilo para alcançar meu sonho, então se tornaram coisas simples”, destaca. Na primeira tentativa do Enem fazendo o cursinho, em 2017, ele não passou, então continuou estudando para tentar no ano seguinte.

No curso, Guilherme conta que teve certeza de que o sonho de ser médico deveria ser maior do que todas as dificuldades enfrentadas. Mas, em 2018, a avó, aos 84 anos, teve um AVC e ficou desacordada por seis meses. O jovem passou muitos dias a acompanhando no hospital. “Eu levava os livros e ficava com ela estudando durante toda a noite”.

Três dias antes de Guilherme fazer o Enem, a avó dele faleceu. “Fui prestar o vestibular acreditando que ela estava olhando por mim”, desabafa. Depois disso, ele conta que aguardou o resultado das notas. No fim de janeiro, após se inscrever pelo SISU, Guilherme soube que tinha passado em medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR), avaliada entre uma das 10 melhores instituições do país.

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