Recentemente, estava lendo um artigo de Maria Melo, Life coach e cofundadora da Academia do Ser, publicado na revista Progredir, sobre a maldade humana. O artigo me chamou a atenção. Não que suas ideias me tenham surpreendido pelo inusitado. Não. Como um simples observador, muitas vezes notei que o ser humano tem dentro de si o instinto da maldade. Sim. A maldade proposital e consciente. Não estou me referindo à maldade patológica. Essa é uma doença e, por isso, deve ser tratada como tal. Estou me referindo à maldade consciente de pessoas consideradas normais. Elas se acham no direito de serem más. Acham que prejudicar os outros com os seus atos é um direito delas.
Seguem a lei do mais forte: se eu posso, eu faço. É a lei da selva. A lei do mais forte. Conto sempre um fato ocorrido numa sala de aula de cursinho pré-vestibular, com aproximadamente cento e cinquenta alunos. Um rapaz chegou atrasado, no primeiro dia de aula. Só havia vaga na primeira fileira. Era uma dificuldade chegar até lá. O rapaz se esgueirava entre os alunos, com dificuldade. No meio do caminho, um aluno colocou a perna para o rapaz tropeçar. E isso aconteceu. Não houve solidariedade de ninguém. Não houve empatia. Houve apenas uma vaia ensurdecedora. O rapaz nunca mais apareceu.
O que me chamou a atenção no artigo de Maria Melo foram algumas ideias ali colocadas. Uma delas foi a de Mencio Mong Tse (371 a.C. – 289 a.C), pensador chinês: “os seres humanos são naturalmente bons, agem dentro da moralidade, são dotados de compaixão e da capacidade de distinguir o bem do mal e, por isso, o mal é resultado de influências externas”. Esse pensador é seguido por Rousseau, que dizia que ‘o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe’.
Assim, por esses pensadores, o ser humano aprende a ser mau. Tudo bem. A gente pode aprender um monte de coisas. O que é difícil entender é que, se ele aprende a ser mau, aprende também a ser bom. Aprendendo as suas coisas, por que escolhe ser mau, e não ser bom?
Mais à frente, a articulista afirma que ‘as pessoas associadas à maldade comum apresentariam características como o narcisismo e egoísmo exacerbado, com tendência à vitimização, possuindo uma incrível preguiça para a escolha do bem, com uma grande capacidade de mentir, de esconder as suas intenções, de reverter situações e mascarar quadros, bem como uma preocupação com a aparência, inclusive do ponto de vista da legalidade.’ Vejam que ela se refere à maldade comum, não à maldade patológica. São pessoas tidas como normais que, por narcisismo e egoísmo exacerbado, optam pela maldade. São pessoas que seguem a máxima de Gérson: ‘o negócio é levar vantagem em tudo’.
Nem que seja para pisar a cabeça do outro. Nem que seja para prejudicar os outros em seus direitos.
Voltando ao artigo, Maria Melo cita psicólogos americanos Stanley Milgram e Philip Zimbardo: ‘o mais pacato dos seres humanos poderia cometer atos terríveis se assim lhe fosse ordenado pelas autoridades, pois teríamos uma tendência inata à obediência e à submissão.’ Isso que dizer que a maldade humana pode estar relacionada à tendência à submissão e obediência do ser humano. Essa é a reação de rebanho.
As pessoas podem agir como o gado, obedecendo às ordens dos superiores. Se os superiores forem maus, pessoas comuns, normais podem agir como más, em obediência a seus superiores. Muitas autoridades contam com isso, para submeter cidadãos comuns às suas vontades, nem sempre de acordo com a moral e a ética.
Vou terminar esta reflexão com um pensamento de Albert Einstein: “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e, sim, por aquelas que permitem a maldade.”
BAHIGE FADEL
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