Há anos tenho acompanhado os números da educação brasileira. Embora haja sempre discursos otimistas dos políticos sobre as ‘novidades’ implantadas, esses números são quase sempre sofríveis. A cada governo que surge, vem um ‘novidadeiro’ querendo marcar território na educação brasileira. É, invariavelmente, fogueira rápida, que nem chega a esquentar e se apaga ao primeiro sopro.
A novidade atual – que nem sei se é tão novidade assim – é lançada pelo governo federal. ‘A partir de 2020, todas as escolas de ensino fundamental e médio do Brasil estarão conectadas. ’ E a notícia vem acompanhada das ‘vultosas importâncias’ investidas no empreendimento e do otimismo daqueles que acreditam que basta conectar as escolas que o ensino passará a ser excelente.
Nos próximos dias deverão ser divulgados para o mundo inteiro os resultados do PISA. O PISA é um programa de avaliação de estudantes de setenta países. São escolhidos aleatoriamente estudantes de quinze anos de idade – ensino médio, portanto – de escolas públicas e particulares. Esses estudantes são submetidos a provas de leitura, ciências e matemática. Essa avaliação é realizada de três em três anos. Os resultados conquistados pelo Brasil são sempre péssimos. Para que o leitor possa ter uma ideia, na última avaliação, em 2016, os resultados do Brasil foram os seguintes: 59º em leitura, 63º em ciências e 69º em matemática. Para piorar, embora não tenha revelado números, o senhor Abraham Weintraub, ministro da educação, declarou recentemente que o Brasil terá o pior desempenho entre todos os países da América Latina. Salvo melhor juízo, participam seis países da América Latina, e o Brasil está em último lugar. Ou seja, a maior economia da América Latina está em último lugar no PISA.
Vou ser repetitivo. Há anos venho dizendo que não adianta investir fortunas em tecnologia e esquecer o profissional da educação. A Coreia do Sul, por exemplo, que tem excelentes índices na educação, começou investindo em professores, coordenadores, diretores, inspetores de alunos… Investiu em pessoas, para que elas pudessem usar com eficiência e eficácia a tecnologia.
Em primeiro lugar, o profissional da educação tem que ter conhecimento. Esse profissional precisa estar motivado, entusiasmado. Ele tem que ter domínio de princípios pedagógicos e didáticos. Um educador tem que ser um líder e deve participar da elaboração de todos os planos que terá a responsabilidade de executar. O educador deve conhecer o seu aluno e o meio em que ele vive, para que possa entender melhor suas aspirações e desejos.
Com isso, entenderá as possibilidades desses alunos e terá condições de ajudá-lo a caminhar em busca de seus objetivos.
Se não houver tudo isso, de nada adiantará conectar todas as escolas. Os resultados das avaliações externas, como o PISA, continuarão a ser vergonhosos, frustrando os nossos jovens, fazendo-os desacreditar de nossas autoridades E, até, de si mesmos.
BAHIGE FADEL