Bahige Fadel

O RESGATE, por Bahige Fadel

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O RESGATE

Nesses últimos dias, o mundo inteiro acompanhou o desenvolvimento dos trabalhos de resgate daquelas crianças tailandesas e seu técnico. Os que creem rezaram, os que não creem apenas torceram. Como era um time de futebol, podemos dizer que era um jogo de torcida única. Ninguém torcia para o time da natureza. Todos torciam para as crianças, que, para se protegerem de uma chuva, correram tamanho risco. E houve heróis. Um deles, inclusive, perdeu a vida tentando salvar a vida dos outros. Ninguém falou de possíveis vilões. Irresponsabilidade? Ingenuidade? Imprudência? Ninguém comentou sobre isso. Não era o momento. O momento era de se encontrarem meios para se resgatarem as crianças e salvar vidas. E em tempo, vidas foram salvas. O resgate foi bem-sucedido.

Bem, aqui no Brasil, há outros resgates para serem realizados. Se forem bem-sucedidos, uns poderão salvar vidas, outros salvarão a dignidade de um povo e de um país. Mas para que sejam bem-sucedidos, deverá haver planejamento, deverá haver a participação de pessoas capazes de realizar um bom trabalho, deverá haver boas intenções. E finalmente, deverá haver uma torcida a favor. Ninguém poderá torcer contra.

Para começarmos pelas coisas menores, perguntamos: Quem liderará o resgate do prestígio do futebol brasileiro? Com certeza, não serão os Caboclos ou os Del Neros da vida. Será preciso alguém melhor. Será preciso alguém que, primeiramente, saiba o que está fazendo e, depois, queira fazer da maneira correta. Terá que aparecer alguém capaz de dizer que ‘não queremos a copa do mundo no Brasil, porque ela só servirá para encher os bolsos dos corruptos na construção de elefantes brancos e para fazer o povo passar a vergonha dos 7 a 1, pois não temos estrutura para vencer os nossos rivais. Que essa dinheirama toda seja utilizada nas categorias de base, na formação de atletas e cidadãos, que, futuramente, defenderão, com caráter e profissionalismo, o futebol brasileiro.’ Assim se resgatará o prestígio do futebol brasileiro.

Como eu disse, isso não é o mais importante. O mais importante é resgatar a dignidade e o prestígio do país ante sua própria população e ante o mundo inteiro. Hoje somos motivo de chacota em todas as partes do mundo. E não é porque o Neymar, na copa do mundo, se preocupou mais em rolar no chão do que em jogar bola. É porque as nossas autoridades perderam qualquer senso de ridículo. Vejam o episódio do solta-prende-solta-prende do ex-presidente Luiz Inácio. Como esse episódio deve ter repercutido no exterior? Como algo democrático? Como um papel nobre da justiça brasileira? Qual o quê! Repercutiu como se o Brasil fosse um verdadeiro saco de gatos, uma balbúrdia, uma terra de ninguém, onde cada um faz o que quer, como quer e quando quer, não importando as consequências, desde que os interesses pessoais ou partidários sejam satisfeitos. Um filme de segunda categoria, velho e repetido, no qual não existe mocinho. Todos são vilões. E o povo, vendo tudo isso, já não acredita em mais nada. Desconfia de tudo. Perdão, tem certeza absoluta de que estão todos errados e que, para se consertar tudo isso, nem a vitória do time do Tite sobre a Bélgica seria suficiente.

            Para se resgatar a confiança do povo brasileiro, é preciso que a Justiça seja justa, que os políticos sejam corretos e competentes e que o povo saiba escolher, fiscalizar e exigir. Caso contrário… Bem, não será necessário ter muita imaginação. É só olhar e ver o que está acontecendo.

BAHIGE FADEL

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