OPORTUNISMO POLÍTICO
O ex-jogador de futebol Gerson, que foi campeão mundial em 1970, certa ocasião, numa propaganda comercial, disse que o brasileiro quer levar vantagem em tudo. Independente do contexto – que aliás era um dos piores possíveis, já que era uma propaganda de cigarro – o craque parece que acertou em cheio. Eu nunca vi, principalmente na política, tanta gente querendo levar vantagem. E não estou falando de situação ou oposição. A situação quer levar vantagem para se manter no poder e a oposição, para retornar ao poder.
E o tema do momento para os políticos são os incêndios na floresta Amazônica. Nossa Senhora! Nunca vi tanta gente falando sobre os tais incêndios, sem a apresentação de nenhuma solução minimamente viável. É a oposição chamando o presidente de Bolsonero, como se ele tivesse colocado fogo naquelas matas, e a situação fazendo mundos e fundos para isentar o presidente. Solução que é bom, nada. Nem da oposição nem da situação.
Eu também não tenho a solução. Nem quero me meter em encontrar alguma, se é que existe alguma solução. Vou deixar para os especialistas. O que eu aprendi através de algumas leituras é que os incêndios na floresta Amazônica não são naturais. Todos eles são provocados pelo homem. Já é um bom início. Se fossem naturais, a solução seria muito mais difícil. Não é fácil brigar com a natureza. Os incêndios provocados pelo homem são decorrentes da limpeza do terreno. As madeireiras cortam as árvores e os agricultores, para poderem plantar naquele local, queimam os restos dessas árvores. Como em agosto há muita seca na região, a queimada dos restos de árvores facilmente se transforma em incêndio.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: É possível impedir esse desmatamento? Como?
Por outro lado, é culpa do presidente da república essa situação toda? Todos têm um pouco de culpa. A maior parte, naturalmente, cabe àqueles que desmatam indiscriminadamente, sem pensar nas consequências, com a visão exclusiva do lucro. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, até agosto – mês crítico – houve na floresta Amazônica 76720 focos de incêndio. É muito. Nos anos 2000, o pior índice ocorreu em 2007, com 393000 focos de incêndio. Em 2004, por exemplo, houve 380000 focos de incêndio. Um dos melhores anos foi 2018, com 132000 focos.
Fui pesquisar ainda os países que mais desmatam no mundo. Surpresa! O Brasil não está entre os dez mais. Estamos bem atrás de Finlândia. Suécia, Portugal… Acredito, no entanto, que esses países desmatam com mais responsabilidade que o Brasil, não botando fogo a torto e a direito, como deve ocorrer por aqui.
Se as pessoas se preocupassem mais com soluções do que com eleições, possivelmente tivéssemos uma situação melhor com relação ao desmatamento e as queimadas da floresta Amazônica.
BAHIGE FADEL
