A pobreza menstrual, também chamada de precariedade menstrual, é o termo dado à falta de acesso a produtos para manter uma boa higiene no período da menstruação, e está relacionada à pobreza, bem como a infraestrutura do seu ambiente, especialmente de saneamento.
Desde que o mundo existe as mulheres menstruam e continuarão menstruando. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que o direito das mulheres à higiene menstrual é uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Atualmente 1.8 bilhão de mulheres estão em período menstrual no mundo.
Um dado alarmante é que no No Brasil 1 em cada quatro (25%) das meninas faltam às aulas por não ter absorvente. Pior, metade das mulheres consideradas pobres precisam substituir o absorvente por papel higiênico ou outros materiais como papel, papelão, jornal, miolo de pão.
Talvez a distribuição do absorvente item básico de higiene não seria necessária se o governo simplesmente abaixasse os impostos do item que de classificação, pois não é considerado como de primeira necessidade. Seria um movimento interessante rever essas questões sobre itens de primeira necessidade.
Discutir esse assunto é de extrema importância, para também acabar com os tabus que cercam esse fator biológico, os homens fingem que não sabem que as mulheres menstruam, os meninos jovens praticam bullying com as meninas quando percebem que elas estão “naqueles dias”, perpetuando assim o ciclo de machismo tão enraizado na cultura brasileira, as próprias mulheres mais ignorantes e insensíveis, sugerem que as mulheres que não podem comprar absorventes usarem panos, para conter o fluxo menstrual.
Ora, se a mulher não dispõe de água, de sabão, como pode lavar o pano ¿ Falamos aqui das mulheres moradoras de rua, das mulheres que trabalham sol a sol no campo, das meninas que menstruam durante o período escolar e estão desprevenidas, das mulheres em presídios (essas que deixam de comer o pãozinho para utilizarem como absorvente).
Não se trata de as mulheres terem mais direitos que os homens, trata-se de ter dignidade humana, os gastos aos cofres públicos, torna-se irrisório perto da condição de saúde pública que a população feminina que menstrua passará a ter, sem se expor a falta de higiene e precariedade tão nocivas à saúde.
Erradicar com a pobreza menstrual é portanto, tonar a vida das mulheres que menstruam mais dignas, e esperamos sinceramente que a Câmara de Vereadores de Botucatu, tenha a consciência humana em aprovar a propositura da Vereadora Cláudia Gabriel que recebeu essa demanda as mulheres de Botucatu, representadas pelo movimento de Promotoras Legais Populares que fazem esse trabalho de doação dos absorventes higiênicos em todas as cestas básicas entregues.
Também mantemos as UBS dotadas de absorventes e as escolas de ensino médio.
Mostrando com isso que se a sociedade civil organizada pode realizar o trabalho, o poder público muito mais, pois são os administradores dos impostos pagos por todos os brasileiros, inclusive as mulheres que vivem em vulnerabilidade social, todas somos pagantes de impostos, direta ou indiretamente.
Isabel Cristina Rossi Conte , ativista dos direitos humanos das mulheres, é ex presidente do Conselho Municipal de Políticas para Mulheres e atualmente Coordenadora do Movimento de Promotoras Legais Populares em Botucatu-SP