Bahige Fadel

TUDO QUASE IGUAL – crônica de Bahige Fadel

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Depois dos fogos que espocaram por todas as partes do mundo, aterrorizando os cachorros e outros animais de todas as nacionalidades, finalmente começou o ano novo. As pessoas dizem: Ano novo, novas esperanças. Seria isso verdade? Ou seria apenas a manifestação de uma vontade muito grande, independente dos indícios ou das razões? Explico. Por que é que o simples fato de mudar o ano é que as coisas podem ou devem mudar? O simples ato de arrancar a última folha da folhinha tem o poder de mudar as coisas? Por que é que a gente deve esperar a chegada de um novo ano para esperar coisas novas? Acho difícil. Acho que a tendência é que, independente da mudança do ano no calendário, se nós não mudarmos o nosso jeito de ser, nada vai mudar. É aquela história segundo a qual não se devem esperar resultados diferentes, se a gente fizer as coisas sempre do mesmo jeito. Se fizermos do mesmo jeito, os resultados, fatalmente, serão os mesmos. Para ambicionarmos resultados diferentes, temos que fazer de modo diferente. E para fazer de modo diferente, não é preciso esperar pela chegada de um novo ano.

Em todo caso, vamos ver o que mudou com a chegada do ano novo. No Brasil, mudou o presidente e mudaram os governadores. No caso do presidente, quem era oposição passou a ser situação e quem era situação passou a ser oposição. Então, aquela ala que ficou anos dizendo oba! oba! agora vai dizer gggrrr! gggrrr! Assim, não mudou nada, porque continuaremos ouvindo oba! oba! e gggrrr! gggrrr! Só que com vozes diferentes.

Notei um negócio interessante nesse início do ano. Acho que, por não terem coisa mais importante para fazer, algumas pessoas já começaram a criticar o novo governo. Pô! Deixem o cara esquentar a cadeira primeiro. Será que é só o simples prazer de criticar? Vamos ver os resultados de suas ações e de suas escolhas. Depois, a gente vê se as coisas deram certo ou não. Criticar já no segundo dia do mandato? É muito pro meu gosto.

Ah! Outra coisa que não mudou nesse início do ano foram os aumentos nas tarifas de metrô, de ônibus etc. Nenhuma novidade. Como não foi nenhuma novidade a postura da mídia a esse respeito. Esses dias, assistindo a um programa de notícias, de repente vejo uma repórter bonita e jovem entrevistando pessoas em pontos de ônibus: ‘Você concorda com o aumento da tarifa de ônibus?’ Há três séculos ouço essa pergunta no início dos anos. O que muda é a repórter. Porque a resposta é sempre a mesma: “Não.” E você queria que resposta, cara pálida? “Concordo. Sou a favor. Queria até que o aumento fosse maior. O aumento foi muito pequeno.” Oh, Lord! Não é de lascar?

Pessoal, espero que não pensem que estou de mau humor. Não estou. É que com a idade a gente não aguenta mais certas coisas. Que o ano seja bom para todos nós. Não porque é um ano novo. Mas porque nós merecemos e vamos fazer de tudo para que as coisas melhorem. A gente vai procurar ser melhor para que o mundo seja melhor.

BAHIGE FADEL

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