Estou escrevendo esta crônica no meu último dia de férias. Foram férias necessárias. Embora já não trabalhe tanto como na juventude, percebo que, com o passar dos anos, o corpo resiste menos e precisa de mais descanso, para suportar o batente do ano letivo. E obedeci ao meu corpo. Dei-lhe o descanso necessário. Ele mereceu. No ano passado, ele não negou fogo nenhum dia. Não precisei faltar, me atrasar ou sair mais cedo de meus compromissos.
Na semana que vem, recomeça o batente. Não é bem um bateeeeente, mas um batentezinho, que requer do corpo e da mente um certo esforço, uma certa dedicação, um espírito de luta maior, se é que me entendem. Com a idade, se a gente der uma relaxada, pode sofrer as consequências e não consegue recuperar mais. Assim, descansei o corpo e a mente e, em alguns momentos, procurei atualizar-me mais em minha profissão. Não, não fiquei estudando metodologias diferentes. Estou velho demais para mudar os métodos. Procurei aprimorar as que já possuo. Deixá-las mais eficientes. Inclusive os conteúdos. Escrevi certa ocasião que professor não é museu. O professor tem que se atualizar, aprimorar-se, compreender melhor o mundo em que vive, para perceber as necessidades reais de seus alunos.
Todas as pessoas deveriam ter esse tipo de preocupação: aprimorar-se. Para que isso aconteça, a pessoa tem que gostar do que faz. Se a pessoa gosta do que faz, sente-se feliz fazendo. Se ela fizer cada vez melhor aquilo que tem que fazer, mais feliz ela se tornará. Porque ninguém se sente feliz ao realizar alguma coisa de maneira ruim.
Infelizmente, as coisas não são assim. Conheço pessoas que odeiam o que fazem. Para elas, ir ao trabalho é um martírio. Não gostam do que fazem e procuram incutir nos outros o mesmo sentimento negativo. E às vezes conseguem. Fica um ambiente terrível. E a produtividade se torna sofrível. Quando se trata do magistério, é ainda pior, porque os alunos percebem tudo e reagem. A aula se torna pesada, triste, inútil.
Na política também deveria ser assim. Os políticos deveriam aperfeiçoar-se, atualizar-se, tornar-se mais competentes. Eles têm uma missão das mais nobres, mas muitas vezes temos a impressão de que eles não têm a mínima noção da importância de seu trabalho. Entram na política para satisfazerem o seu ego, para se sentirem importantes, para serem ‘autoridade’. Outros são ainda piores: entram na política para se locupletarem, para tirarem benefícios próprios. Ainda bem que não são todos assim. Há aqueles que querem o bem do Brasil ou de sua cidade.
Os mais críticos não precisam preocupar-se comigo. O meu otimismo não me cega. De jeito nenhum. O meu otimismo é uma forma de ter esperanças. E com a esperança, a gente tem que trabalhar por dias melhores.
BAHIGE FADEL