Bahige Fadel

UMA PARCERIA NECESSÁRIA – Artigo de Bahige Fadel

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‘E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.’
(Camões)
Camões, o grande poeta da língua portuguesa, ao escrever sua maior obra, Os lusíadas, afirmou que precisava do auxílio do ‘engenho e arte’. O que quis dizer com isso? Quis dizer que, para conseguir concretizar seu desejo de escrever uma obra de tamanho vulto, precisaria de muito esforço, muita técnica, muito conhecimento, muito talento.

Trata-se do engenho. Mas isso não era suficiente. Era preciso também a ajuda da arte, isto é, precisava de muita criatividade, muita intuição em busca da beleza.

Assim como Camões, o professor deve pensar a mesma coisa, na realização de sua grande obra educativa: talento e criatividade. É assim que devem pensar os pais na realização de sua grande obra educativa: talento e criatividade.

E assim mesmo, é muito difícil concretizar essa obra. É preciso muito talento e criatividade para se ensinar para a autonomia. É preciso muito talento para ajudar um aluno/filho a tornar-se uma pessoa melhor, sem limitar a sua individualidade. É preciso muita criatividade para transformar a rotina do aluno/filho em algo novo, belo, prazeroso, útil.

Se é tão difícil assim, por que não unir forças? Por que não remar na mesma direção? Por que não realizar uma parceria entre escola e família, em que cada uma, realizando a função que lhe cabe, atinja o mesmo objetivo? Por que isolar-se, como se cada parte não dependesse da outra? Por que fazer de conta que cada parte tem tarefas distintas? A tarefa é a mesma: educar. E para educar bem, família e escola precisam de engenho e arte, precisam de talento e criatividade. Só que para Camões isso bastou. Com engenho e arte, ele criou o maior poema da língua portuguesa. Para a educação, no entanto, ter engenho e arte é necessário, mas não suficiente. É preciso usar engenho e arte com amor.

É verdade, nessa parceria entre família e escola, vamos falar de amor. E esse amor no ato educativo deve estar acompanhado de comprometimento, de persistência, de não desistir nunca do aluno/filho, de felicidade. Sim, de felicidade. Afinal de contas, não é isso que desejamos para nosso aluno/filho? Não é isso? Todos querem que ele seja feliz. E para que o aluno/filho seja feliz, tem que aprender a sonhar, tem que aprender a transformar sonhos em realidade, tem que perceber que não está sozinho nessa empreitada, tem que ter certeza de que os envolvidos no processo estão unidos no mesmo propósito.

Gente, temos uma tarefa árdua na educação do nosso filho/aluno. Vamos, então, deixar menos difícil realizar essa tarefa. Vamos ser solidários e cooperativos. A escola complementa a família; a família complementa a escola. Uma não pode excluir a outra. É difícil, eu sei, mas é bom. É bom para quem entrega e é bom para quem recebe.
BAHIGE FADEL

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