Botucatólico

Vinte anos servindo a comunidade: uma entrevista com o Cônego Marcos Campos

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A Câmara Municipal de Botucatu homenageará o Cônego Marcos Paulo, pároco da paróquia Nossa Senhora Aparecida, nesta quinta-feira (05) às 19h30. A cerimônia ocorrerá na própria Câmara, no centro da cidade.

A sessão solene é resultado de um decreto legislativo do vereador Zé Fernandes (PSDB), onde o Legislativo municipal concederá o título de botucatuense emérito ao padre, que receberá a honraria mesmo tendo sido nascido e criado na cidade. A homenagem é por ocasião do aniversário de 20 anos de ordenação, completados nesta terça-feira (10).

O sacerdote é pároco da paróquia Nossa Senhora Aparecida desde agosto de 2015, quando foi transferido da paróquia São Pio X após 15 anos naquela comunidade, a primeira assumida pelo padre depois de sua ordenação.

Cônego Marcos contou, com exclusividade ao Cidade Botucatu, que sempre foi católico, desde pequeno. “Foi na minha juventude quando comecei a participar do grupo de jovens que eu me tornei um católico mesmo, de verdade, no sentido de participação na vida da comunidade”, diz. Marcos Paulo frequentava a paróquia Santa Teresinha, onde foi ordenado sacerdote em 1999.


Marcos Campos recebendo a primeira Eucaristia (Foto: Arquivo pessoal)

A descoberta da vocação

O discernimento da vocação do padre foi curiosa. “Quando eu era criança, adolescente, eu tinha vontade de ser advogado, depois pensei em ser engenheiro florestal e depois em cursar História”, diz. “Mas foi ali na vida da comunidade, convivência com pessoas de igreja, que eu fui percebendo a vocação. Aliás, as pessoas até perceberam antes de mim, muitos falavam ‘você tem vocação, tem jeito de padre’ e eu dizia ‘não, não, não tenho não’ e às vezes ficava até incomodado com o tanto que falavam”, brinca.

O momento determinante de seu discernimento vocacional, diz o cônego Marcos, foi em um retiro. “Uma vez eu fui fazer um retiro espiritual em Itaici, onde Deus colocou a realidade na minha cara e eu percebi que queria ser padre, e a partir dali a vocação se desenvolveu. Hoje, olhando pro passado, eu vejo que desde que eu me conheço por gente eu tinha sinais claros de vocação. Quando eu era bem pequeno, eu brincava de ser padre, brincava de celebrar missa. Hoje eu vejo que eu sempre tive vocação, mas só fui descobrir mesmo com 16 anos de idade”, completa. O padre realizou seus estudos nos seminários de Botucatu e Marília.

A alegrias e dificuldades do sacerdócio

“A emoção que eu senti naquele dia foi algo que eu não sei descrever”

“A emoção que eu senti naquele dia foi algo que eu não sei descrever. Foi algo maravilhoso que eu senti, se eu fosse comparar aquela experiência com alguma coisa seria o Céu, um pouquinho do Céu na Terra”, disse o cônego ao se referir ao dia de sua ordenação, que considera a maior alegria destes 20 anos de sacerdócio.

Já as dificuldades dessas duas décadas foram várias. “Ser padre é abraçar também a cruz. Muitas vezes a gente é incompreendido, às vezes nós temos que abraçar a cruz de cada problema diário. O padre também é ser humano, a gente também sofre, também chora”, completa.

O “cônego” em seu nome é causa de dúvida para muitas pessoas, e Marcos Campos explica o sentido do título: “Geralmente o bispo dá esse título pra sacerdotes que trabalham na diocese que demonstram um amor à liturgia, é uma espécie de reconhecimento”.

Marcos foi nomeado cônego em abril de 2008, junto com os demais cônegos da Arquidiocese: Alberto Fernando Cristiano Campezato, Sérgio José de Sousa, Marcelo Aparecido Paes (Marcelinho), Joinville Antonio de Arruda, Emerson Rogério Anizi, Monsenhor Edmilson José Zanin e Monsenhor Carlos José de Oliveira, hoje bispo da diocese de Apucarana, no Paraná.

 


Cônego Marcos em Roma. (Foto: Arquivo pessoal)
“A principal missão do católico é revelar Jesus para o mundo. Nosso mundo está cada vez mais tirando Deus, Deus não ocupa mais um lugar proeminente na vida das pessoas. O católico hoje deve, acima de tudo, viver Jesus Cristo e levar Jesus Cristo a outras pessoas para que essas outras pessoas vivam Jesus Cristo. Nosso mundo vai melhorar quando as pessoas viverem Jesus Cristo, viverem o Evangelho, viverem a palavra de Deus, e esse viver Jesus Cristo é a vida de santidade, no batismo a gente recebe a vocação de sermos santos. A missão do católico é essa: levar Jesus às pessoas. Mas não de uma maneira sentimentalista e nem superficial, mas levar Jesus aos outros para que os outros aceitem Jesus e vivam Jesus em nas suas vidas. Como diz um canto antigo, ‘levar corações ao coração de Jesus’”

Nesses tempos de fake news e relativismo, onde toda verdade é considerada relativa, o padre considera a Igreja fundamental. “Acima de tudo revelar a Verdade, a Verdade com V maiúsculo. Estarmos justamente atentos a essa ditadura do relativismo, como dizia Bento XVI, onde não há valores absolutos, nós devemos gritar pra esse mundo que há sim valores absolutos. E que no meio dessas milhares de verdades com v minúsculo, há a Verdade com V maiúsculo que é Deus Nosso Senhor. Nós temos que ficar atentos, porque esse relativismo está tão forte na sociedade, está tão impregnado, que nós podemos nos deixar levar por ele até sem percebermos. Nós devemos estar atentos a nós mesmos para sermos aqueles que não se deixam levar, de fato, ser católico hoje é remar contra a maré, essa maré do mundo relativista, secularista, hedonista, materialista e sermos fiéis a Jesus”, completa.

Os três amores do sacerdote

Cônego Marcos afirma que nesses 20 anos de sacerdócio sempre buscou viver os seus três amores: Jesus na Eucaristia, Nossa Senhora e a Igreja. Primeiro, Cristo: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo, mas em especial Jesus na Eucaristia que é minha grande paixão, meu grande amor”.

Em seguida, “Nossa Senhora é meu segundo amor, eu não seria padre e não teria aguentado esses 20 anos sem o carinho, a intercessão, o cuidado e até as correções de Nossa Senhora que eu tenho como minha mãe”.

E, por fim, a Igreja: “Não ser fiel às minhas ideias, mas ser fiel ao que a Igreja ensina, ao que a igreja prega. Como disse Dom Antônio em minha ordenação, quando a gente é fiel à Igreja a gente tem a certeza de estar no caminho certo. Quando seguimos o nosso próprio achismo, pode até dar certo, mas a chance de dar errado é muito grande. Sendo fiel a igreja não tem perigo”, completa.

As missas do cônego Marcos na paróquia Nossa Senhora Aparecida são nas quartas às 15h e 19h30; nos sábados às 19h e nos domingos às 9h e 19h.

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