A chance e os desafios de Geraldo. Bolsonaro aposta tudo na internet
Quem me conhece sabe: há tempos falo, em conversas com amigos, que essas eleições têm tudo para ‘cair no colo’ do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). Ainda mais com o apoio do bloco de partidos “Centrão”, o que fornece tempo de rádio e tevê, e capilaridade na campanha.
As chances de Alckmin também crescem em virtude da polarização entre ‘Direita’ e ‘Esquerda’ –por hora personalizada por Jair Bolsonaro (PSL) ante o ‘sistema’ ou anti-PT. Alckmin por hora não foi alvo da metralhadora de Bolsonaro.
A política mudou e muito. Poucos políticos perceberam e souberam interpretar a força das redes sociais e os movimentos articulados por elas, como exemplo as manifestações de 2013 e com o movimento pré-impeachment.
Nesse sentido, por feeling ou ótima orientação, o único que soube aproveitar foi Jair Bolsonaro. Em sua atuação polêmica e direta, o jeito espontâneo atraiu atenção e seguidores, cresceu e ganhou notoriedade durante as manifestações de 2015. Com um discurso baseado na insatisfação com o sistema político vigente, anti-corrupção e declarações fortes, personificou a figura do Herói – antes usada por Lula – e se transformou na primeira opção ‘anti-status-quo”, ou o “anti PT’.
Entretanto, Jair Bolsonaro terá apenas sete segundos de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, isso não dá para anunciar nem o website de campanha. Por outro lado, os demais candidatos certamente irão usar parte do tempo de propaganda para a desconstrução dos adversários, principalmente Bolsonaro, cuja campanha dependerá da Internet, do desempenho em debates e da militância de seus seguidores.
As chances de Alckmin são imensas. Em virtude do grande tempo de propaganda de rádio e TV, a capilaridade para a campanha ter penetração com apoio de diversos candidatos a deputados, governadores e com isso, prefeitos e vereadores. Geraldo ainda tem um diferencial forte e que ainda não entrou em campo, a experiência em cargo Executivo, com bons números em algumas áreas, se compararmos o Estado de São Paulo com os demais da nação.
O desafios de Geraldo Alckmin são igualmente difíceis. Vencer a rejeição do funcionalismo de São Paulo, unir o PSDB paulista, além de se esquivar de escândalos de corrupção no rodoanel, citações na Lava-Jato e seu maior ‘fardo’: estar junto com o Centrão, que apoiou Dilma e que faz a velha e prejudicial política fisiológica, do troca-troca de tempo de propaganda por cargos no governo.
José Alberto Conte Junior
Editor Cidade Botucatu