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A VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR, por Bahige Fadel

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Pesquisa recente esclareceu que o Brasil é um dos países que menos valoriza o professor. Até aí, nenhuma surpresa. Não é preciso ser um especialista para chegar a esse resultado. Basta entrar numa sala de aula de ensino médio, por exemplo, e perguntar aos alunos quem deseja ser professor. Haverá um silêncio sepulcral. Ninguém está a fim de ser professor. Bem, para não ser radical, vamos dizer que quem deseja ser professor é exceção, não regra.

E por que isso acontece? Não se pode ser simplista e dizer que existe apenas um motivo. Os simplistas dizem que o salário do professor não atrai o jovem de hoje. Isso não é a verdade total. É certo que o salário não é lá essas coisas, mas o motivo principal não está aí. No mundo competitivo de hoje, em qualquer profissão que se exerça o cara tem que ser competente. Se não for, não vai ganhar bem. Há médicos que ganham mal. Há advogados que ganham mal. Como há médicos e advogados que ganham muito bem. Com o professor acontece a mesma coisa. Se for competente, poderá não ganhar tanto quanto o médico competente, mas com certeza será bem remunerado.

O desprestígio da profissão de professor está diretamente relacionado aos caminhos tortuosos que são trilhados pela educação brasileira. Os resultados das avaliações externas nos deixam envergonhados. Estamos quase sempre nas últimas posições, perdendo para países muito mais pobres. Até na América do Sul, em que deveríamos ser reis, estamos abaixo de países como Argentina, Chile e Uruguai.

Em primeiro lugar, os nossos dirigentes têm uma visão muito imediatista de educação. Um mandatário quer realizar algo, para que fique como marca de seu governo. Ninguém quer fazer um plano consistente que poderá dar resultados no futuro. O mandatário quer lançar o plano e colher os resultados no seu mandato. O resultado é sempre o mesmo: tudo é feito de afogadilho, sem nenhuma estrutura consistente e os resultados são esses que vemos há anos.

Por outro lado, os governantes querem sempre realizar coisas que são vistas com facilidade pela população, como a construção de novos prédios, como a aquisição de uma parafernália no campo da informática… Coisas assim. Enquanto fazem questão de gastar dinheiro construindo prédios, os que já existem estão semiabandonados e alguns estão ociosos, em boa parte. Isso fica bem para o político. Mas não fica bem para a educação.

Valorizar o professor corresponde a dar-lhe meios de se aperfeiçoar constantemente. Corresponde também a oferecer-lhe uma estrutura condizente com as necessidades de seu trabalho. A ele também devem ser dadas condições reais de trabalho e autoridade para desempenhar bem suas funções. Ao professor deve ser dada a oportunidade de ter um trabalho continuado com uma clientela. O professor não pode ser apenas um repetidor de decisões de pessoas que não conhecem o aluno, a escola e o meio em que está inserida.

O professor deve ser um líder, numa pessoa motivada e engajada na atividade que desenvolve. O professor deve ser uma pessoa feliz e bem-sucedida. Ninguém quer aprender com uma pessoa infeliz e fracassada.

Enquanto não se trabalhar a figura do professor, não conseguiremos bons resultados na educação. E continuaremos a lamentar as mesmas derrotas de sempre.

BAHIGE FADEL

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