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Reunião foi convocada pela Câmara a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, que teme fechamento de fábrica de peças local a médio prazo.
A Câmara de Botucatu convocou audiência pública para a próxima terça-feira (18), às 19h, na sede do Legislativo, com objetivo de discutir os impactos do acordo comercial entre Boeing e Embraer na cidade e na região.
O município possui uma unidade da Embraer com mais de 90 mil metros quadrados de área construída e cerca de 1.800 empregados que é responsável pela fabricação de peças e estruturas para aeronaves e pela montagem de fuselagens.
A audiência atende a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de Botucatu e Região. Aberta à comunidade, ele será transmitido ao vivo pelo site da Câmara, Facebook e pela TV Câmara (canal 61.3 da rede aberta digital ou canal 8 da NET).
Na avaliação do presidente do sindicato, Miguel Ferreira da Silva, o acordo para a formação de uma joint venture (sociedade comercial) entre a Embraer e a Boeing, anunciado no início de julho, trará prejuízos para a empresa nacional.
“O governo tem 10% da golden share (ação especial que lhe dá o poder de vetar ou impor condições em acordos) e, nesses últimos anos, injetou quase R$ 90 milhões na Embraer. Agora, está vendendo ela por um terço disso”, denuncia.
“Por isso nós estamos defendendo que a Embraer é nossa. Ela recebeu dinheiro meu, seu e da população do Brasil inteiro”. A longo prazo, se o acordo se concretizar, Silva acredita que a unidade da Embraer no município será desativada.
“Nossa intenção é sensibilizar o governo para que ele não venda esses 10% que ele tem da golden share e essa venda da Embraer não se concretize porque, se ela se concretizar, em alguns anos, nós vamos estar fornecendo peças para a Boeing”, diz.
“E eles não vão precisar de 20 mil trabalhadores como a Embraer tem hoje. Eles vão precisar de 4 mil, 5 mil trabalhadores e isso eles fazem em São José dos Campos. Aí eles fecham Gavião Peixoto e Botucatu. Esse é o nosso medo”.
O ACORDO
Pelos termos do acordo divulgado no último dia 5 de julho, com a fusão das duas gigantes da aviação, a norte-americana Boeing deterá 80% da companhia resultante da transação, enquanto a Embraer ficará com os 20% restantes. A finalização dos detalhes financeiros e operacionais da parceria e a negociação dos acordos definitivos devem prosseguir nos próximos meses, mas a expectativa é que a transação seja fechada até o fim de 2019.
JCNET