Cálculo de universidade americana mostra que medida evitaria 340 mil jovens acima do peso
Um aumento de 32% para 50% no número de crianças do ensino fundamental que fazem 25 minutos de atividade física três vezes por semana evitaria o equivalente a R$ 70 bilhões em custos médicos e salários perdidos ao longo de suas vidas. Os cálculos são de um estudo da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins e estima que nos EUA a economia seria de US$ 21,9 bilhões.
Publicada ontem no periódico científico “Health Affairs”, a pesquisa também sugere que apenas esse pequeno aumento na frequência de exercício entre crianças de 8 e 11 anos de idade resultaria em menos 340 mil jovens obesos ou com sobrepeso, uma redução de mais de quatro pontos percentuais no índice atual.
— A atividade física não só faz com que as crianças se sintam melhor e as ajuda a desenvolver hábitos saudáveis, mas também é boa para a economia do país — destaca o líder do estudo, Bruce Y. Lee, diretor executivo do Centro Global de Prevenção à Obesidade da Escola Bloomberg de Saúde Pública. — Nossas descobertas mostram que investir em atividades físicas e ligas esportivas paga grandes dividendos à medida que esses jovens crescem.
Nos últimos anos, estudos têm demonstrado que um alto índice de massa corporal (IMC, calculado a partir do peso do indivíduo dividido por sua altura ao quadrado) aos 18 anos está associado a um IMC também elevado ao longo de toda a idade adulta. E isso aumenta o risco subsequente de desenvolver doenças como diabetes e problemas cardíacos associados ao excesso de peso — o que pode levar a substanciais custos médicos e perda de produtividade.
O assunto também preocupa no Brasil, onde o índice de obesos aumentou 60% na última década, alcançando 18,9% da população em idade adulta. E mais da metade dos brasileiros está acima do peso, segundo o Ministério de Saúde.
Para realizar a pesquisa na Johns Hopkins, Lee e sua equipe desenvolveram modelos de simulação computacional em um software. Os modelos se basearam em dados colhidos entre 2005 e 2013 pelo Serviço Nacional de Saúde. E, embora o valor dos gastos evitados pareça bem alto, Lee afirma que ele provavelmente está subestimado, já que a atividade física gera outros benefícios não relacionados com a perda de peso, como a melhora da densidade óssea, da formação de músculos e o aumento do bom humor.
Segundo o pesquisador, os gastos evitados pela maior frequência de exercícios entre crianças supera, em muito, os gastos necessários para investir em mais programas de educação física.
— À medida que a prevalência da obesidade infantil cresce, precisamos criar mais programas de educação física e não cortá-los. Temos que incentivar as crianças a serem ativas, a reduzirem o tempo em frente a telas de computador e TV e fazê-las correr novamente. É importante para a saúde física delas e para a saúde financeira do país — avalia ele. — Mesmo aumentos modestos de atividade física poderiam render biliões de dólares na economia.