Bahige Fadel

Bolsomito – Por Bahige Fadel

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Assim que cheguei ao banco – coisa rara; esse trabalho quem faz é a minha mulher – uma funcionária me perguntou: O que é que você está achando do Bolsomito. Confesso que, preocupado com o problema bancário que precisava resolver, não entendi bem a pergunta. Foram necessários alguns segundos. Ah! O Bolsonaro? O que é que você está achando dele? – insistiu a funcionária. Mas ele nem tomou posse ainda! – retruquei. Tomara que resolva pelo menos uma parte dos problemas do Brasil.

Infelizmente, em nosso país, as coisas tendem a ser um tanto exageradas. Tudo, em pouco tempo, se transforma em mito, deus, demônio, santo, gênio… Essas coisas exageradas só deveriam ser atribuídas a pouquíssimas pessoas. Mas não é assim que ocorre. Um jogadorzinho do Arranca-toco F.C. faz um gol de calcanhar, sem querer, e já é chamado de gênio. Assim como um político comete um pequeno delito, no poder (coisa rara, convenhamos – rsrsrs), e já é classificado como bandido, demônio, verme imundo, câncer. Coisas assim.

Esses exageros todos não ajudam em nada. Criam marcas, estigmas que não contribuem com coisa alguma e criam lendas positivas e negativas. Com o Bolsonaro parece que está ocorrendo isso. O presidente eleito sequer tomou posse do cargo, e já é chamado de Bolsomito. Vamos devagar com o andor, que o santo é de barro. Para se transformar em mito, o Bolsonaro vai ter que percorrer, com sucesso, muitas dificuldades de seu governo. Vai ter que ser austero no governo, vai ter que impedir a corrupção que grassa nos meios políticos, manchando o nosso país e fazendo cair em absoluto descrédito esse meio, vai ter que criar uma saúde pública que não seja um arremedo que humilha os que a ela precisam recorrer, precisa fazer a mágica da melhora da educação brasileira, que hoje é uma das piores do mundo, embora se invistam verdadeiras fortunas nesse setor, precisa equilibrar a economia brasileira, para não haja tantas pessoas desempregadas ou subempregadas em nosso país, precisa reduzir drasticamente a violência, que causa um medo permanente na população e a impede de exercer o seu direito de ir e vir. Bem, isso é só para começar. Porque, resolvidos esses problemas urgentes, pode começar a modernizar o país, para incluí-lo, de fato, entre as maiores potências do mundo, lugar em que deveria estar há muito tempo.

Mito, agora, por quê? Porque venceu uma eleição, apesar de ter passado a campanha inteira num hospital, curando-se de um atentado praticado por um louco violento? Porque conseguiu interromper um período de governo em que a corrupção foi o mais importante tema, período em que se criaram verdadeiras quadrilhas, que dilapidaram os bens públicos e assassinaram nossas esperanças?

Isso não é suficiente para ser um mito. Mas temos esperanças de que ele se torne um.

BAHIGE FADEL

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