Professor Carlos Márcio Nóbrega de Jesus, do Departamento de Urologia da FMB, esclarece dúvidas sobre o tema.
Dados divulgados recentemente apontam um crescimento do número de pacientes com cálculo renal (pedras nos rins) no Brasil. São mais de 36.000 pessoas internadas com o problema apenas neste ano. Mas como evitá-lo? Quais os fatores de risco? Quando é necessário cirurgia? Ouvimos um especialista da Unesp para esclarecer essas e outras dúvidas.
A formação – De acordo com o médico urologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp) Carlos Márcio Nóbrega de Jesus a formação dos cálculos se dá pela “saturação da urina”. “Uma urina concentrada favorece o agrupamento de cristais (menores partículas do cálculo); os cristais, como um soluto, se aproximam com mais facilidade e formam o cálculo”, explica.
O especialista faz um alerta para a necessidade do consumo de líquidos (água e suco) com frequência para evitar o agrupamento dos cristais. “Acima de um milímetro é considerado cálculo”, frisa o docente.
Fatores de Risco – Alguns pontos devem ser levados em consideração para quem não deseja ter cálculo renal. Segundo o professor Carlos Márcio, um dos fatores que contribui para o acometimento da doença é “o uso demasiado de sal”. “Ele potencializa o agrupamento dos cálculos”, lembra.
Uma dieta desequilibrada, pouca ingestão de líquidos e herança genética é o tripé gerador de cálculos renais. “Chocolate em demasia e refrigerantes (principalmente light) favorecem a formação de cálculos”, pontua o professor da FMB.
“Outro fator que contribui para o aumento de cálculos é o sedentarismo. As pessoas que são mais sedentárias, indiretamente os obesos, porque eles não fazem tanta atividade como as pessoas mais magras, também têm mais possibilidade de ter cálculos renais”, afirma.
Quando há necessidade de cirurgia? – Há duas formas de se tratar os cálculos renais. De acordo com o urologista, 70% dos casos tem a resolução do problema de forma espontânea (organismo expele as pedras de forma natural ou com auxílio de medicamento). Os outros 30% são submetidos a procedimento invasivo, que se dá de duas maneiras: litotripsia extracorpórea (aparelho produz ondas de pressão que são transmitidas através da pele até onde está o cálculo que será fragmentado, os fragmentos são eliminados pela urina na forma de areia) ou por ureterolitotripsia (procedimento minimamente invasivo feito pelo orifício da uretra – a pedra é fragmentada por uma fonte de energia geralmente mecânica ou laser. Os fragmentos maiores podem ser retirados com auxílio de pinças ou cestas especiais).
O tamanho do cálculo, a localização e o quadro clínico do paciente determinarão a necessidade do tipo de tratamento.
Prevenção – “Estima-se que uma pessoa que tem cálculo hoje tenha 50% de chance de ter novos cálculos em cinco anos”, lembra o professor Carlos Márcio. Para ele, além da alimentação balanceada e ingestão de líquidos, praticar atividade física é fundamental, pois com o exercício “o fluxo renal é maior e, consequentemente, a produção de urina é mais rápida, e quando você faz atividade física há maior ingestão de líquido; isto é um ciclo benéfico para evitar o agrupamento de cristais”, finaliza.