Bahige Fadel

CALMA E CALDO DE GALINHA, por Bahige Fadel

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CALMA E CALDO DE GALINHA

A expressão acima, hoje em pouco uso, significava que as pessoas não devem agir por impulso. Devem esperar, analisar e só tomar uma decisão importante, quando tiverem certeza de que é a melhor decisão, que não causará transtornos futuros. É que o caldo de galinha, você vai soprando, soprando, até ficar na temperatura ideal. Se você tiver pressa, acabará queimando a língua.

Infelizmente, não é assim que agem as pessoas. Elas são, na maioria das vezes, intempestivas. É que muita gente quer ter resultados muito rápidos e, quando não consegue, irrita-se e vai agindo sob a energia da ansiedade, da raiva, da decepção. Isso não dá certo. A tendência é que a situação fique ainda pior e tenha que ser consertada, para que não venham danos maiores.

Eu me lembro bem de quando o presidente Bolsonaro foi eleito. Os seus fanáticos seguidores começaram a chamá-lo de Bolsomito. Para muita gente, passou a ser um verdadeiro deus. Dom Sebastião que voltava para consertar o Brasil (A história original é para consertar Portugal, mas vale a imagem.). O retorno de Cristo. O novo Messias. Numa de minhas crônicas pedi para terem calma. Era preciso dar tempo ao tempo e ao presidente eleito. Não havia nada de mito. Devíamos ter paciência para ver o que poderia acontecer.

Não deu outra. Alguns meses após a posse, o homem nem teve tempo de assumir o cargo, e os ansiosos brasileiros, nas redes sociais, já começavam a pedir o impeachment do presidente. Não é assim, camarada. Calma e caldo de galinha. Não podemos nos esquecer de que o presidente é um governante. Ele tem poder, mas não é um deus. Ele tem que negociar com o Congresso Nacional, o que não é fácil. Pode ocorrer que o sogro de um político seja preso e o político fique nervoso com isso e queira derrubar tudo, pondo tudo a perder. Então, o presidente tem que negociar. Sempre foi assim, e no Brasil é ainda pior.

E essa ansiedade ocorre em vários setores. As pessoas querem resultados imediatos. Querem tudo para ontem. É preciso paciência. Paciência não é acomodação. Paciência é esperar o momento certo para uma ação, a fim de que os resultados previstos tenham mais chance de serem conseguidos. Na pressa, certamente erraremos e teremos que fazer tudo de novo.

O Bolsonaro não é nem Bolsomito nem Bolsonulo. Ele é Bolsonaro, presidente da república eleito democraticamente. Vai errar e, se errar, tem que consertar; vai ter dificuldades e, se as tiver, vai ter que solucionar os problemas; vai sofrer críticas e, se as sofrer, terá que rebatê-las, analisá-las e procurar tirar delas o melhor proveito. Só não pode ser corrupto e, se o for, terá que ser punido, como estão sendo punidos os outros.

BAHIGE FADEL

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