Bahige Fadel

CAMPANHA ELEITORAL – Por Bahige Fadel

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Eu ia iniciar a crônica escrevendo que essa campanha eleitoral está engraçada, mas desisti. É que ela não tem graça nenhuma. Nem mesmo aquele palhaço-deputado – ou seria deputado-palhaço? Ó dúvida cruel! – que aparece atrás das grades, com aquela voz de gralha, dizendo que enganou a todos, pois disse que não seria candidato à reeleição, mas resolveu candidatar-se novamente, para ganhar, por mais quatro anos, salário de deputado mais mordomias, sem fazer p… nenhuma. E ainda acrescenta que é candidato porque os outros estão todos presos. Confesso: quase morri de tanto rir. Estou rindo até agora. A minha risada é ironia, mas a do palhaço-deputado é sarcasmo.

O lema dos três mosqueteiros é ‘um por todos e todos por um’, não é? Pois bem, o lema dos candidatos nesta campanha é ‘cada um por si e todos contra o Temer.  Até o partido que colocou o Temer no poder é contra o Temer. É um saco de gatos!  Ninguém é a favor do Temer. Acho que só a esposa dele, por motivos óbvios, que não discutiremos aqui, e o filho. Este porque, coitado, ainda não entende de política. Quando começar a entender, só não vai gritar ‘fora, Temer!’ porque o Temer já estará fora. Assim, se você estiver a fim de votar contra o Temer, é só fechar os olhos e teclar qualquer número da urna eletrônica, que vai acertar. Se perguntarem em quem você votou, é só responder: Contra o Temer.

É verdade, paciente leitor. Pura verdade. Todos são contra o Temer, mas não ficam satisfeitos em serem contra um só. A campanha da turma está assim. Che o cara com fisionomia de preocupado e diz: Não vote no X-tudo, porque, se votar no X-tudo, estará elegendo o Rim-Tim-Tim.  Daí vem o candidato Rim-Tim-Tim, com o mesmo tipo de cara, e diz: Não vote no X-tudo ou no X-nada, porque, se votar num desses dois, estará elegendo o Pra-que-que-eu-vim-aqui, que não sabe nem para que veio. Daí chega o Pra-que-que-eu-vim-aqui com a mesma cara dos outros e diz: Não vote nem no Tim-Tim-Tim nem no X-tudo ou no X-nada, porque, se votar num deles, estará elegendo o J. Pinto Fernandes (desculpe-me Carlos Drummond de Andrade), que não tinha entrado na história. Vejam como é a vida: quando pensei em J. Pinto Fernandes, nem me passava pela cabeça que o título da poesia é Quadrilha. Mas voltando aos entretantos, segundo os candidatos, não importa quem escolhermos para votar. Qualquer que seja o escolhido, não estaremos votando nele, mas contra o outro. Pode isso? Eu queria votar a favor de alguém, e não contra o outro.

Desse jeito, está difícil escolher, camarada!

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