CAMPANHA ELEITORAL
E começou a campanha eleitoral. Pra mim, não é nenhuma novidade. Ao longo de minha longa existência, presenciei muitas e participei de algumas. Quando participei, meu objetivo era dizer ao eleitorado por que deveria votar em meu candidato e por que não deveria votar no adversário. Procurei ressaltar a competência de um e a falta de competência do outro. Depois, ficava torcendo para que os eleitores entendessem minha mensagem. Acho que é assim que deve ser uma campanha eleitoral. Os candidatos apresentam seu programa de governo e a viabilidade de executá-lo e os eleitores escolhem aquele que melhor vendeu o seu peixe.
Vai ser assim agora? Pelo andar da carruagem, não. A pré-campanha já deu o tom e, se não houver, urgentemente, uma reviravolta, as coisas não serão muito agradáveis. O caro leitor já notou um detalhe (tomara que eu esteja enganado)? As pessoas, em campanha eleitoral, falam com raiva. Demonstram ira, revolta, ódio. A gente já está cansado disso. O dia a dia está tão cheio de coisas ruins, que a gente está à procura de momentos melhores. Mais agradáveis. Mas os candidatos se apresentam apenas com o objetivo de destruir o adversário. Não se importam em ferir, em destruir, em mentir ou, no mínimo, em esconder a verdade. E a gente – pelo menos eu – quer outra coisa. Queremos esperança de melhores dias. Mas uma esperança alicerçada em fatos, em ações, em planos exequíveis, em pessoas confiáveis e competentes. Isso é querer demais? Acredito que não.
Alguns candidatos acham que somos incapazes de pensar sozinhos, sem a ajuda deles. Teimam apodrecer cada item do adversário e enaltecer cada item de si próprios. Vai ser um tal de ladrão, corrupto, genocida, formador de quadrilha, entreguista, negacionista, incompetente, desonesto, nefasto… Deus me livre! Prefiro assistir àqueles filmes de ação. Pelo menos, nos filmes, sei que o mocinho vai sempre ganhar. Nas eleições, não tenho essa certeza. Aliás, não tenho nenhuma certeza. Vai vencer o melhor ou aquele queridinho das mídias? Vai vencer o que mais ama ou o que mais odeia? Vai vencer aquele que defenderá, a todo custo, a verdade e a ajustiça, ou aquele que defenderá, a todo custo, seus protegidos? Vencerá aquele que trabalhará pelo Brasil ou que trabalhará para o enriquecimento de seus apaniguados?
Tomara que eu esteja enganado, tomara que o bom-senso prevaleça. Tomara que os eleitores não se deixem levar por palavras, mas por ações. O pregador barroco padre Antônio Vieira disse que ‘não faz fruto a Palavra de Deus, porque nesse reino há pregadores que não pregam a Palavra de Deus, mas palavras de Deus. É que a Palavra de Deus vem sempre seguida da ação correspondente, e palavras de Deus são só palavras’. Tomara que sejamos capazes de eleger aqueles que pregam a palavra e, em seguida, realizam a ação correspondente. Tomara!
BAHIGE FADEL