Bahige Fadel

Custo-Benefício, crônica de Bahige Fadel

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A gente vive falando que político ganha demais pelo que faz. Será isso verdade? Como é o custo-benefício de nossos deputados federais, por exemplo? Eles fazem pelo que ganham ou ganham muito pelo que fazem?

Antes de qualquer comentário mais detalhado a respeito, quero deixar claro que não concordo com a ala mais radical, que acha que político não deve ganhar nada, porque política não é emprego. Cargo político, de fato, não deve ser emprego definitivo, mas trabalhar de graça? Ninguém é obrigado a trabalhar de graça. Você, caro leitor, gostaria de trabalhar de graça? Como se dizia antigamente, trabalhar de graça só relógio.

Como este comentário só vai se referir aos deputados federais, vamos a alguns detalhes. Em primeiro lugar, o salário do deputado federal é de R$ 33.763,00. Pensando bem, não é nada absurdo. É um bom salário, dá para ter certo conforto com ele, pagar todas as despesas necessárias, como aluguel, escola para os filhos, lazer, carro etc. Se fosse só isso, tudo bem, o comentário pararia aqui. Era só ficar fiscalizando o trabalho deles.

Acontece que o buraco é bem mais em baixo. O salário do deputado é o que menos conta nessa história toda. Aliás, nem sei o que o deputado faz com o salário que recebe. Sabe por quê? Além do salário, o deputado recebe uma tal de Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar. Essa cota depende do estado a que ele pertence. Se o deputado for de Brasília, a cota é de pouco mais de R$ 30 mil; se for de um estado mais distante de Brasília, essa cota poderá chegar a mais de R$ 45 mil. Então, o salário não é para o exercício da atividade parlamentar. Deve ser para outras coisas. Eu, por exemplo, recebo o salário para o exercício de minha atividade de professor.

Não é o caso dos deputados. Com essa cota, o deputado pode pagar combustíveis e lubrificantes, num total de até R$ 6.000,00 por mês. Vá viajar assim na Cochinchina! Um deputado federal pode gastar em combustível mais do que ganha a média dos professores em dois meses de trabalho. É muita coisa.

Você já está ficando chateado? Então, espere um pouco para ficar mais chateado ainda. É que o principal está na Verba destinada à contratação de pessoal que o deputado recebe mensalmente. Sabe qual é a importância dessa verba? A bagatela de R$ 106.866,59 por mês. Caramba! O nosso representante na Câmara Federal pode contratar, às custas do nosso dinheiro, que passa a ser dele, 25 funcionários.

Está somando tudo, caro leitor? Eu só estou querendo saber ainda para que serve o salário de pouco mais de R$ 33 mil. Mas a coisa não para aí. Tem mais. Há ainda o auxílio-moradia, num total de R$ 4.253,00 mensais.

Deve ser o aluguel de um apartamentozinho de 50 m². Coitado! Não sei como vive nesse aperto.

Sabe que cheguei a pensar que o salário de pouco mais de R$ 33 mil fosse para pagar o plano de saúde do deputado e da família. Ledo engano. Não precisa gastar essa miséria de salário na saúde, pois a Câmara Federal oferece para todos um excelente plano de saúde. Também para cartas, publicação de documentos, papel timbrado, essas coisas, não precisa gastar o pobre salário. Existe a Cota gráfica. Esses caras não são fracos não.

Além disso, recebem um salário ao iniciarem o mandato e outro salário ao terminarem o mandato. É uma ajuda de custo para mudança. É dinheirinho de pinga: pouco mais de R$ 66 mil reais.
Quer saber? Acho que descobri a finalidade do salarinho dos deputados. É para a cerveja dos finais de semana. Afinal de contas, ninguém é de ferro, né?
BAHIGE FADEL

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