Botucatu

Estudos do HCFMB apontam redução de casos de Pneumonia associada à Ventilação Mecânica em pacientes de UTI

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Um problema comum associado a pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é a falta ou precariedade de cuidados com a cavidade bucal. Esta realidade pode levar a quadros infecciosos graves, como a Pneumonia associada à Ventilação Mecânica (PAV), infecção hospitalar que consiste em uma das principais causas de mortalidade em indivíduos intubados, por exemplo.

Uma estratégia importante nos cuidados com a cavidade bucal e que diminui a incidência da PAV é a adoção de medidas apropriadas de higiene bucal prescritas por cirurgiões dentistas.

Dentre os benefícios decorrentes da implantação de cuidados com a higiene bucal nestes pacientes estão a diminuição do tempo de internação, a atenuação de possíveis complicações, melhoria da qualidade de vida do paciente e a redução de custos para os serviços hospitalares.

Atualmente, não existe um protocolo unificado para todas as UTI’S, pois cada uma tem suas particularidades (UTI Coronariana, Neonatologia, Pediátrica, Adulta, etc) e os trabalhos científicos tem contribuído com o aperfeiçoamento dos procedimentos de higienização bucal.

UTI Adulto do HCFMB

De acordo com Fernando Augusto de Luca, dentista do Serviço de Odontologia Hospitalar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), “quando você realiza uma higiene bucal bem orientada diminui bastante o risco de pneumonia”.

A afirmação de De Luca ampara-se em dados científicos. Em sua dissertação de mestrado ficou comprovado que a orientação para uma higienização bucal adequada dos pacientes adultos em UTI reduziu em até 50% os casos de PAV no âmbito do Hospital.

A partir dos dados deste trabalho, Fernando criou um Procedimento Operacional Padrão (POP) de higiene bucal na prevenção da PAV no HCFMB. O documento ainda está em fase de aprovação para ser implementado.

“O kit utilizado para realizar higiene bucal no paciente internado custa, em média, R$ 40. Já o tratamento para uma PAV custa entre 30 e 60 mil reais”, lembra Fernando.

Os custos para implantação de um novo programa de cuidados bucais na unidade de terapia intensiva para prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica foram avaliados por um estudo europeu que reuniu hospitais ao redor do mundo. A publicação pode ser vista pelo link https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29189950/

Segundo o Coordenador do Serviço de Odontologia Hospitalar do HCFMB, José Eduardo Ary, “seria importante ter a implementação deste POP como forma de igualarmos as condutas nas nossas UTIs, tendo assim resultados mais positivos”.

Ary salienta ainda que, com a orientação da higienização bucal apropriada, se criou o pedido de avaliação odontológica a todos os pacientes que dão entrada na UTI. “Desde que iniciei no HCFMB, Fernando teve esta preocupação de criar esta conduta, avaliando os pacientes diariamente na UTI e isto tem proporcionado muitos benefícios”, finaliza.

UTI Pediátrica do HCFMB

A tese de doutorado em produção do dentista do Serviço de Odontologia Hospitalar do HCFMBHelderjan de Souza Mendes, e orientada pelo professor José Roberto Fioretto (FMB|Unesp), também é um avanço na criação de um protocolo que tem contribuído com a redução da incidência da PAV em crianças internadas na UTI do HCFMB.

“Os dados preliminares mostram que não tivemos a PAV na amostra estudada dos pacientes internados na UTI Pediátrica do HCFMB”, explica Helderjan.

“Montamos um protocolo de primeira linha e as condutas estabelecidas nesse trabalho em relação aos cuidados com a cavidade bucal dos pacientes internados na UTI Pediátrica de Botucatu, apesar de ainda ser um estudo, já é referência no território nacional”, pontua o especialista.

Segundo o dentista, apesar de haver um aumento de estudos em relação a esse tema nos últimos anos, ainda é insuficiente a quantidade de informações existentes na literatura sobre os cuidados bucais dos pacientes internados nas UTI’S Pediátricas.

“Desta forma, muitas condutas adotadas nesses cuidados são copiadas dos protocolos realizados nas UTI’S Adulto, justificando a importância de estabelecermos protocolos que respeitem as características e necessidades específicas apresentadas por esse grupo de pacientes”, finaliza Helderjan.

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