O Japão recentemente registrou sua primeira morte causado por overdose de cafeína. A vítima era um homem de 20 anos que trabalhava em um posto de gasolina no turno da madrugada.
Com base em análises, as autoridades de saúde japonesas informaram que a vítima faleceu porque ingeria grandes quantidades de bebidas ricas em cafeína para se manter acordado.
Segundo a agência de notícias Kyodo, a autópsia, realizada pela Universidade de Fukuoka, não conseguiu determinar a quantidade de cafeína ingerida, nem o período de tempo levado para que o consumo tivesse esse efeito letal.
O caso é inédito no Japão, mas não é tão raro em alguns outros lugares do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já foram registradas pelo menos dez mortes causadas por excesso de cafeína.
Os casos que mais chamaram a atenção ocorreram em maio e julho do ano passado e causaram preocupação no país.
As vítimas foram adolescentes: Logan Stiner, de Ohio, de 18 anos, e Lanna Hamann, do Arizona, de 16.
Os médicos que analisaram o corpo de Stiner detectaram 70 miligramas de cafeína por mililitro de sangue.
As autoridades internacionais de saúde advertem que 50 miligramas por ml de sangue já são suficientes para provocar uma morte.
Já Hamann sofreu uma parada cardíaca e faleceu depois de ingerir uma grande quantidade de bebidas energéticas durante as férias que passou no México, segundo o que relatou a mãe dela à rede americana CBS.
Os casos de morte causadas por consumo excessivo de cafeína não são muito frequentes, mas a partir de que dose esse alcaloide que estimula o sistema nervoso pode se tornar perigoso?
Doses recomendadas
Segundo a Autoridade Europeia de Segurança Alimentícia (EFSA, na sigla em inglês), uma dose entre 75 mg e 300 mg de cafeína ao dia pode ajudar a melhorar o rendimento de atividades físicas e intelectuais.
Isso equivale a tomar de meia a três xícaras de café por dia.
No caso dos adolescentes, a quantidade não deveria ultrapassar os 100 miligramas por dia.
Quantidades superiores a essa podem causar irritação, insônia e até complicações cardíacas.
Mas quando exatamente se pode falar em overdose de cafeína?
Excessos
De acordo com a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), os sintomas de overdose de cafeína podem incluir o pulso acelerado ou perigosamente irregular.
Pessoas que ficam intoxicadas por essa substância podem ter os seguintes sintomas: vômito, diarreia, letargia – diminuição da atividade das funções intelectuais, acompanhada de uma sensação de desorientação.
Nos casos mais extremos, a agência adverte que a overdose de cafeína pode provocar a morte – mas ressalta que esses casos são mais raros.
Segundo a FDA, é preciso ter cautela no consumo de qualquer bebida ou comida que contenha cafeína, mas há um produto em particular que merece atenção especial.
Se trata da cafeína pura em pó, que é vendida como suplemento para atletas. Na internet, é possível adquirir um desses pacotes de 100 gramas por cerca de US$ 6 (R$ 23).
Uma marca em particular, que vende esse produto online, garante que ele “ajuda a diminuir a fadiga física, a melhorar a claridade do pensamento e a capacidade de concentração, aumenta a coordenação física, reduz a sensação de cansaço e é especialmente eficaz para atividades como levantar peso”.
No entanto, a FDA alerta que esses produtos são 100% cafeína, e uma colher pequena desse pó já equivaleria a aproximadamente 28 xícaras de café.
“A cafeína pura é um estimulante poderoso e em pequena quantidade já pode causar uma overdose acidental”, adverte a entidade.
Segundo a autópsia, foi isso que aconteceu com a jovem americana Logan Stiner – e, no caso dela, a overdose foi fatal.
Quantidade de cafeína em bebidas e outros produtos
Uma xícara normal de café contém 260 mg de cafeína
Um quarto de litro de chá preto contém entre 30 mg e 80 mg
Uma lata de energético Red Bull tem 80 mg
Uma barra de chocolate amargo tem 20 mg
Um comprimido para enxaqueca ou gripe pode chegar a conter 130 mg