(IN)FELICIDADE
Um dia desses, um amigo me disse que estava muito infeliz. Perguntei-lhe o motivo de tamanha infelicidade. E ele me respondeu:
– Alguns probleminhas que eu tenho que resolver.
O olhar que dirigi a ele deve tê-lo assustado. Caramba! Ser infeliz só porque tem uns probleminhas a resolver? Como pode? Se tenho uma dor de dente, fico infeliz. Se tenho dificuldades para o pagamento de uma dívida, fico infeliz. Se estou sentindo determinada dor, fico infeliz. Se num jogo de futebol, torci o tornozelo, fico infeliz. Se meu filho tirou uma nota baixa na escola, fico infeliz. Se meu filho está com pequena doença, fico infeliz. É assim? Quer dizer que, salvo raríssimas exceções, todo mundo é infeliz. Não há felicidade no mundo, então. Não conheço nenhuma pessoa que não tenha nenhum probleminha para resolver. É preciso não confundir tristeza ou preocupação com infelicidade.
Amigo, sua felicidade é uma escolha. Não deve depender dos pequenos problemas que tem que resolver. Mesmo porque, se ficar infeliz, seu problema não se resolverá. Sua infelicidade será mais um problema em sua cabeça e corpo. Não é assim que a gente trata a nossa felicidade.
Ela é um bem impagável e, por isso, não pode estar condicionada a um probleminha qualquer. O problema, você luta para resolver. A felicidade, você tem ou não tem. Se você estiver infeliz, com certeza, terá muito mais dificuldade de resolver seus problemas. É simples. As pessoas felizes acumulam mais condições de resolver seus problemas. As pessoas que condicionam sua felicidade à não existência de problemas, sempre terão problemas e sempre serão infelizes.
Certa ocasião, uma pessoa me perguntou:
– Como a gente pode ser feliz, com um péssimo governo que temos? Com a violência que existe? Com a corrupção andando livre pelos altos escalões? Com as drogas tirando a vidas de seres humanos e enriquecendo seres desumanos? Como a gente pode ser feliz assim?
E eu lhe disse: Não condicionando sua felicidade a esses fatores. Veja o que você pode fazer de prático para acabar com esses problemas ou, pelo menos, reduzir a sua influência no mundo, sem abrir mão de sua felicidade. E se descobrir que pode fazer muito pouco, faça esse muito pouco, sem deixar de ser feliz. É que sua felicidade pode melhorar o mundo. Pode deixar felizes outras pessoas. Pode ajudar outras pessoas a se tornarem felizes. É que quem deseja a felicidade dos outros não pode apresentar-se infeliz a elas.
E se, com tudo isso, assim mesmo, você optar pela infelicidade, o que será das pessoas que o amam? Infelizes. O que será de seus amigos? Infelizes. O que será de seus companheiros de trabalho? Infelizes. O que será de você? Um problema a ser solucionado.
Quer saber? Ainda encontro felicidade com a presença da minha mulher. Com a certeza de que sou importante para a minha família. Com os amigos que tenho. Com as minhas caminhadas matutinas. Com o fato de poder fazer um bolo de maracujá, que os outros adoram. Com o fato de ter netos. Com a certeza de que os problemas que tenho não se solucionarão com a minha infelicidade. Então, aqueles que teimam valorizar demais os motivos para serem infelizes, não contem comigo. Vou continuar lutando pela minha felicidade e a dos outros.
BAHIGE FADEL