LIBERDADE
Para Aristóteles, a liberdade está baseada na possibilidade de realizar escolhas orientadas pela vontade. Só que ele diz que a liberdade deve estar acompanhada do conhecimento. ‘O conhecimento é a ferramenta capaz de ampliar as possibilidades de escolha e tornar o indivíduo mais livre e capaz de realizar sua finalidade, a busca pela felicidade.’ Deve ser por isso que alguns políticos não se esforçam muito para que o povo tenha mais conhecimento. Deve ser por isso.
Vamos ficar apenas em Aristóteles para perguntar: Existe essa tal liberdade? Vamos perguntar melhor: Existe a liberdade plena ou tudo é relativo? Relativo é quando consideramos algo em relação a outra coisa. Por exemplo, em relação à Bolívia, o Brasil é um país rico, mas em relação aos Estados Unidos, não.
Na verdade, nem em sonhos nossa liberdade é plena. Nós temos liberdade para ter um carro novo, mas só o teremos se tivermos dinheiro suficiente. Temos liberdade para praticar qualquer esporte de que gostamos, desde que tenhamos saúde e competência para tal. Temos liberdade para conquistar a garota mais bonita da escola, desde que ela queira ser conquistada pela gente. Temos liberdade de construir uma casa enorme num terreno que compramos, desde que tenhamos recursos para isso e desde que as leis permitam. Temos liberdade de emitir uma opinião, desde que essa opinião tenha fundamentos de quaisquer tipos, desde que não prejudique pessoas inocentes e desde que não fira princípios legais.
Isso tudo quer dizer que a liberdade plena, total não existe nem deve existir. A liberdade despida de regras, isto é, a liberdade de fazer o que eu bem entendo, do jeito que eu quero, não importando as consequências, na realidade, não é liberdade, é libertinagem. A libertinagem está relacionada à imoralidade, à devassidão, ao despudor. E isso não é desejável.
Hoje se fala muito das fake news. A gente gosta de empregar termos estrangeiros, não é? São notícias falsas. Nesses sites atuais se propagam deliberadamente milhares de notícias falsas. Eu tenho liberdade para espalhar esse tipo de notícias? Claro que não. As fake news só podem trazer problemas, nunca soluções. Se trazem problemas, prejudicarão alguém. E eu não posso ser livre para, deliberadamente, prejudicar alguém. O leitor pode estar pensando: ‘O redator é a favor dessa lei das fake news.’ O problema não é ser a favor ou contra. A questão está em quem julgará se uma notícia é fake ou não. O julgador é uma pessoa isenta? É uma pessoa honesta? Não tem interesses ocultos? A questão, portanto, não é existir uma lei para punir o autor de uma notícia falsa. A quest&ã ;o é quem vai julgar. Essa pessoa só se orientará por princípios éticos e morais? Essa pessoa terá bom senso? Essa pessoa não está comprometida com grupos políticos que têm interesses não muito claros? Essa pessoa é confiável? Então, tudo bem. Que exista a lei e que ela melhore alguma coisa. Pois de coisas ruins o mundo já está cheio.
BAHIGE FADEL