MANIQUEÍSMO POLÍTICO
O maniqueísmo está meio fora de moda, mas, na política, ele anda bombando. Pelo menos, nas redes sociais ele está na crista da onda, por cima de tudo e de todos. É o seguinte, o maniqueísta ou está de um lado e é contra o outro, ou está do outro lado e é contra aquele em que não está. Do lado em que ele se encontra está tudo certo, do outro lado, tudo errado. É um deus-me-livre. Não dá para ficar com um político maniqueísta, nem que ele esteja do seu lado.
Tenho acompanhado nas redes sociais o seguinte: os que estão a favor de Bolsonaro só elogiam o presidente. Parece um anjo que veio até nós para nos salvar de todo mal. Já os que são contra o Bolsonaro só criticam o presidente. Parece um demônio que, contra a vontade de tudo e de todos, veio ao nosso planeta para infernizar o ambiente, ou seja, para que todos nós nos sentíssemos ardendo no fogo do inferno.
E a gente sabe que não é bem assim. A gente sabe que o eleito pelo povo vai cometer erros e terá também acertos. E a gente, se é um bom brasileiro, ficará torcendo para que os acertos sejam em número muito maior do que os erros. Quanto mais o homem acertar mais seremos felizes (Embora a gente veja que quando mais o presidente acerta mais infelizes alguns ficam).
Uma coisa me parece certa. Quanto mais a gente se posicionar ou a favor do presidente ou contra ele, mais a gente tenderá ao erro. Não é porque a gente é a favor do presidente que ele se tornará bom. Como não se tornará mau pelo simples fato de sermos contra ele. Para ser franco, essas posições – a favor ou contra – não ajudam em nada. Elas apenas tornam semicegas as pessoas. As que forem a favor serão incapazes de ver os erros e os que forem contra serão incapazes de ver os acertos. A postura mais lógica será a pessoa posicionar-se contra um ato ou a favor do ato. Se você for contra apenas o ato que julga errado, não fechará os seus pensamentos para a possibilidade de ser a favor de um ato que julgar correto. E assim você contribuirá mais, pois as pessoas saberão que você não será sempre contra ou sempre a favor. Eu, por exemplo, não perderei meu tempo para ler uma opinião sua, se souber antecipadamente que você estará contra, pelo simples fato de você ser sempre contra determinada pessoa. Mas poderei perder esse tempo, se eu souber que você tende a fazer críticas aos atos das pessoas e não, propriamente, às pessoas de quem você não gosta.
Se eu quiser mesmo contribuir para a política do Brasil, deverei estar atento aos atos e, se os julgar errados, criticá-los e oferecer a alternativa certa. Assim, minha crítica terá credibilidade. Caso contrário, será mais uma crítica daquele cara que é sempre contra ou um elogio vazio daquele cara que é sempre a favor.
BAHIGE FADEL
