Em uma ida rotineira ao supermercado, o médico José Carlos Barbosa Zaccaro, 50 anos, morador de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, foi surpreendido por aplausos de cerca de 400 pessoas ao adentrar o estabelecimento. “Era como se eu fosse o prefeito eleito, fiquei até constrangido”, contou ao G1.
Apesar do espanto, Zaccaro sabia o motivo da recepção calorosa. Ele trabalha na Santa Casa da cidade, instituição afetada pela falta de repasses da saúde pelo governo gaúcho. Comovido pela situação dos funcionários, que segundo ele estão há três meses sem receber salários, doou o próprio carro, uma Touareg, para a realização de uma rifa.
“Eu sei que não vai resolver, mas vai amenizar a situação deles”, comentou.
Manifestações de carinho como a que recebeu quando chegava para fazer compras têm sido comuns, conta o médico. E mais que a repercussão do fato, o número de pessoas interessadas o anima. De lugares distantes, como Rio de Janeiro e até Manaus, e de todas as classes sociais.
“Cheguei em casa e veio um guardador de carro falando ‘vim para comprar uma rifa'”, exemplifica.
A solidariedade não se resume à compra dos bilhetes. A Touareg é o único carro do médico, que quando entrega-lo, terá de encontrar outro meio de locomoção. O que, se depender da comunidade, não deverá ser difícil.
“Um taxista esteve lá em casa ontem à noite e me falou, emocionado, que enquanto eu não adquirir um carro novo, ele vai me levar e buscar sem custo”, conta o médico. “E assim vai, há um monte de gente oferecendo cestas básicas. Virei como se fosse um embaixador.”
Os bilhetes serão vendidos a partir da próxima segunda (17). Interessados podem enviar um e-mail para mdzaccaro@gmail.com, ou entrar em contato com a secretaria do Corpo Clínico da Santa Casa pelo número 55 3411 2161.
Serão mil bilhetes, cada um ao custo de R$ 100. A procura empolga o médico. “Acreditamos que vamos arrancar vendendo 600 números logo de cara”, conta.
O sorteio será realizado no dia 29 de dezembro, pela Loteria Federal. Dependendo do ganhador, a iniciativa poderá ser repetida. “Teve gente que disse que vai comprar e, se ganhar, vai me devolver pra fazer uma nova rifa”, conta o médico, que vai começar 2019 a pé, mas com a sensação única de quem fez o bem.
G1