Anna Pavlova, Charles Darwin, Issac Newton, Michael J. Fox e Pablo Picasso. Estas personalidades das mais variadas épocas e profissões têm, como ponto em comum, o seu nascimento de forma prematura, assim como milhares de crianças em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.
Para sensibilizar a sociedade sobre este assunto, foi instituída a campanha Novembro Roxo, tendo o seu ápice no dia 17 de novembro, com a celebração do Dia Mundial da Prematuridade que traz, em 2022, o tema “Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento”.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um bebê prematuro é aquele que nasce antes de 37 semanas de gestação e, somente no Brasil, são 340 mil nascimentos desta natureza por ano, segundo o Ministério da Saúde. Os prematuros podem ser classificados em quatro grupos: tardios (de 34 semanas até 36 semanas e 6 dias de gestação), moderados (de 32 semanas até 33 semanas e 6 dias), muito prematuros (de 28 semanas até 31 semanas e 6 dias) e extremos (com menos de 28 semanas de gestação).
Os desafios dos prematuros
A Chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr.ª Ligia Maria Suppo de Souza Rugolo, explica que os prematuros podem apresentar dificuldades no funcionamento de diversos órgãos e sistemas, sendo maior o risco quando o bebê nasce com menos semanas de gestação.
“Os desafios podem começar dentro do ventre materno e continuar nos primeiros dias de vida, quando o prematuro apresenta desconforto respiratório, dificuldade de manutenção da temperatura corporal, instabilidade hemodinâmica e distúrbios metabólicos, podendo ainda ter o seu crescimento prejudicado e apresentar sequelas no desenvolvimento sensorial e motor. A família também enfrenta estas situações junto ao prematuro, alterando completamente a rotina para acompanhar de perto a evolução do bebê”.
Dr.ª Lígia reforça que estes desafios podem persistir na infância, adolescência e na idade adulta, trazendo repercussões no comportamento, na saúde e na qualidade de vida. “Os prematuros são caracterizados por sua fragilidade, mas possuem também uma imensa capacidade de enfrentar e superar desafios. Eles são grandes guerreiros que nascem já lutando pela vida”.
Como o HCFMB cuida dos prematuros?
Em 2021, a taxa de prematuridade no HCFMB ficou em torno de 15 a 20%, sendo que a Maternidade do Hospital é um centro terciário de referência para a região do Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS VI), atendendo casos de alta complexidade.
Segundo a médica da UTI Neonatal do HCFMB, Dr.ª Maria Regina Bentlin, o Serviço possui infra-estrutura e equipamentos adequados para a assistência materno-infantil de alto-risco, com equipes especializadas e constantemente treinadas. “Oferecemos diversos ambulatórios de pré-natal de alto-risco às gestantes de risco da DRS VI e, na iminência do nascimento prematuro, adotamos as boas práticas classicamente recomendadas”.
Dr.ª Bentlin reforça a importância da equipe multiprofissional e do Banco de Leite Humano (BLH) nos cuidados com os bebês. “A participação da Enfermagem, dos profissionais de outras especialidades médicas e de outras áreas da Saúde contribui muito para que o prematuro possa receber todos os cuidados necessários em suas necessidades e superar as suas limitações, melhorando o prognóstico e a qualidade de vida. Já o BLH é uma retaguarda muito importante para garantir a adequada nutrição do prematuro e favorecer o aleitamento materno”.
No HCFMB, os prematuros com mais de 34 semanas geralmente ficam junto à mãe no Alojamento Conjunto e os menores ou iguais a 34 semanas, por necessitarem de cuidados especiais, ficam internados na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal convencional ou na UTI neonatal.
Mas a assistência aos prematuros não termina na saída do Hospital: o Serviço oferece, pelo menos, uma consulta logo após a alta para todos os prematuros que foram internados nas enfermarias neonatais e oferece seguimento ambulatorial aos prematuros menores que 1500g. “O nascimento prematuro é um grande desafio e, para vencê-lo, a união, o esforço e a dedicação de todos são muito importantes. É necessário acreditar sempre que somos um time lutando pelo sucesso na vida de nossos prematuros”, encerra Dr.ª Lígia.