O FIM DO DIÁLOGO
Vamos começar do início, para não ficar nenhuma dúvida. O que é um diálogo? Uma conversa entre duas ou mais pessoas onde deverá sempre ocorrer uma troca de ideias para se chegar a um bom entendimento. Parece simples, não é? Há um problema entre duas pessoas? Dialoga-se, chega-se a um bom entendimento, alguma parte, muitas vezes, tem que ceder um pouco para conseguir um bem maior e pronto. Se é tão simples assim, por que é que não se dialoga mais? É tudo na base da ofensa. É tudo na base da porrada.
As pessoas não têm mais paciência para dialogar. Mas seria apenas falta de paciência mesmo? Ou seria falta de vontade? Ou seria falta de educação? Ou seria falta de bons exemplos? Ou seria falta de tudo isso ao mesmo tempo? Você vai assistir a uma reunião do Congresso Nacional, onde estão nossos lídimos representantes, eleitos pelo voto popular, e o que vemos? Deveríamos ver diálogos, discussões técnicas e/ou políticas, sempre visando a um bom entendimento. E é isso que vemos? Não. Quando há uma divergência de opiniões, saem para a ofensa – e é uma baixaria danada – ou para o pau. E tudo em rede nacional, para servir de exemplo – que péssimo exemplo! – para nós, simples mortais.
E nas competições esportivas, o que vemos? Diálogo entre os adversários – jogadores e torcedores? Que é isso, camarada? São ofensas dos mais variados tipos e, não raras vezes, vão resolver as diferenças na briga. Não são raros os casos de morte. Os atletas são incapazes de dialogar. Os torcedores são incapazes de deixar de ofender. E a cada dia que passa, a situação fica pior.
Um dia foi o Neymar Júnior que partiu para a briga com um torcedor adversário. Outro dia foi um jogador do Vasco da Gama que partiu para a briga com um torcedor do seu próprio time. E essas duas brigas foram mesmo necessárias? Não havia um jeito de evitá-las. Nem vou falar da irracionalidade do torcedor, que deve ter aprendido no berço que é assim que se resolvem os problemas: no braço. Mas e os bem remunerados atletas, que deveriam servir de exemplo para os torcedores? Eles não foram preparados para agir de maneira diferente? Não há diálogo com o torcedor irracional? Então, vá embora. Partir para a briga só piora a situação.
É que o diálogo, em todos os níveis e situações, deixou de ser prioridade. Deu um problema qualquer com o filho? Para que dialogar? É só tirar o celular dele por três dias, que estará tudo resolvido. Deu um problema com o adversário político? Para que dialogar? É só falar um monte de impropérios para ele ou até mesmo agredi-lo em rede nacional, ‘pois sou muito macho e não levo desaforo para casa’.
Aonde chegaremos, caro leitor? À época da pedra lascada? Acho que naquela época havia mais diálogo do que agora.
BAHIGE FADEL