Bahige Fadel

O Lado Bom – crônica de Bahige Fadel

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O LADO BOM

As pessoas parecem incapazes de enxergar o lado bom dos outros. Preferem ver os defeitos, os erros, as dificuldades. Descobrir o erro do próximo parece dar status ao descobridor. É como se dissesse: ‘Eu vi. Eu sou capaz. Ele possui um erro. Não quer mostrá-lo a ninguém, mas, assim mesmo, fui capaz de ver.’ E a pessoa se vangloria da grande descoberta.

Essa característica do ser humano se manifesta em todas as áreas. Isso poderia ser útil, se a pessoa, ao ver o erro do outro, ao invés de se vangloriar da visão, se preocupasse em corrigir, esclarecer, auxiliar. Isso, no entanto, na maioria das vezes não ocorre. Vejam o exemplo da política. É só abrir um jornal ou assistir a um programa de TV que a gente fica sabendo de todos os erros dos políticos. É verdade que alguns políticos exageram na capacidade de cometer erros, mas, em algum lugar, deve haver político que já cometeu algum acerto. Só que a mídia desconhece o acertador. Não dá ibope. Prefere alardear o erro descoberto.

Não é diferente na educação. Conheço vários educadores que dão muita ênfase aos erros dos alunos. Nossa Senhora! Tem-se a impressão de que todos os alunos vivem errando. Pior, pelo que falam alguns professores, tem-se a impressão de que todos os alunos erram por querer, por vontade, porque gostam de errar. E o professor começa a relacionar todos os erros descobertos, como se tivesse encontrado algum diamante. Um leigo que venha a ouvir esse professor poderá pensar que todos os alunos são ruins e, por generalização, que todas as pessoas são ruins. É uma lástima.

Quando ouço pessoas desse tipo, pergunto-lhes se não conseguem perceber nenhuma virtude em ninguém. Elas tentam justificar-se. ‘Não é bem assim… É que o mundo está no avesso… As coisas estão difíceis… Os pais já não educam os filhos como antigamente… Está todo mundo largado, fazendo o que bem entende… Não há mais moral… Não há mais respeito ao próximo… Desse jeito, o mundo vai acabar…’ E lá vai o rol de coisas ruins que o vidente negativo gosta de ver.

E a gente sabe que não é bem assim. Não devemos desconhecer as falhas da humanidade. Mas que essas descobertas sirvam para o aperfeiçoamento das ações, para o estímulo aos que desejam acertar. Não apenas para alardear que nada mais presta. Por vários motivos. E o principal deles é que isso é uma inverdade. O mal e o bem existem e sempre existirão. Nós é que fazemos a escolha a respeito deles. Se regarmos o mal, ele crescerá. Se regarmos o bem, ele crescerá. Depende dos nossos propósitos. O que é que a gente quer para si e para o mundo?

Aquilo que quisermos que cresça, é só regar. Ao mesmo tempo, a gente vai eliminando as ervas daninhas que aparecem. Há, no entanto, os que regam ervas daninhas. Questão de gosto.

BAHIGE FADEL

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