O MAPA DA VIOLÊNCIA
Houve uma época em que se falava da cordialidade do homem brasileiro. Foram outras épocas. Hoje é diferente. Com tristeza, podemos dizer que o Brasil é um país violento. E não é questão de classe social. Também não é uma questão de consumo de drogas. Também não é uma questão do nível miserável de muitas pessoas. Seria muito simplismo atribuir a violência brasileira a um só motivo. Os motivos são muitos, e reúnem miséria econômica e moral, pobreza na educação, consumo de drogas, falta de perspectivas futuras, descrédito das instituições, ausência de amor ao próximo, falta de empatia, a vigência da lei da selva, a lei do mais forte… Difícil precisar.
O que se sabe é que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil está entre os dez países mais violentos do mundo. Ao mesmo tempo, estamos nas últimas colocações nas avaliações internacionais em educação escolar. Parece impossível, mas temos mais de cinquenta mil casos de estupro por ano. Isso porque nem todos os casos são denunciados pelas vítimas. Segundo o Ministério da Saúde, a cada quatro minutos uma mulher dá entrada no SUS vítima de violência sexual. E esses números vão aumentando ano a ano. Informações oficiais nos dão conta de que, em 2015, 318 homossexuais foram assassinados no Brasil. Hoje, o número deve ser bem superior.
É estarrecedor. Todos os anos, perto de 100 mil adolescentes têm seus direitos violados no Brasil. Pior, os principais violadores são os próprios familiares. Esses adolescentes com direitos violados se transformarão em revoltados, descrentes, agressivos e violadores, se as autoridades não tomarem providências urgentes.
Querem outra informação? Pois bem, a Organização Mundial de Saúde classifica como epidemia a violência no trânsito brasileiro. E para piorar a situação, constatou-se que a maioria dos casos poderia ter sido evitada, desde que houvesse educação, desde que não prevalecesse a máxima do ‘cada um por si e o resto que se dane’. Há perto de 45 mil mortes por acidentes de trânsito todos os anos. O trânsito gera perto de 250 milhões de reais em prejuízo para o SUS, todos os anos. E os prejuízos para o PIB alcançam bilhões de reais. São pessoas que, quando não morrem, se tornam inativas e passam a depender da Previdência Social.
Só mais duas informações para reflexão. Em média, todos os dias morrem 123 pessoas, no Brasil, vítimas de armas de fogo. E para fechar a conta, temos 207 vezes mais mortes violentas do que na Alemanha, Áustria, Dinamarca e Polônia.
Enquanto isso, bandidos engravatados, fingindo serem benfeitores da humanidade, se apossam do dinheiro público, que poderia ser empregado para reduzir os números acima e tornar o Brasil um país menos violento.
BAHIGE FADEL
