Bahige Fadel

O  PODER DA COPA E DO COPO, crônica de Bahige Fadel

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O  PODER DA COPA E DO COPO

 

Impressionante! Inacreditável! Duas palavrinhas minúsculas e poderosas. Quem diria! Duas sílabas cada uma. O poder de duas sílabas. O que um presidente da república não consegue fazer a copa faz com facilidade. O que o mais competente psicólogo tem dificuldades em conseguir o copo consegue numa sessão apenas. Se a gente não visse, nem acreditaria. Acharia que é conversa de pescador. Imagine!

Meu calejado leitor. Leitor de tantas lutas, umas vencidas, outras perdidas. Por favor, dê-me sua calejada opinião. Você já viu fenômeno semelhante? Já faz mais de dez dias que ninguém fala de inflação ou de violência ou de corrupção. Até o problema no nervo ciático do brasileiro mais dolorido desapareceu. Pobres médicos. Só por causa da copa – suada copa – o brasileiro nem doente fica. Pelo contrário. É melhor fechar as farmácias e abrir os açougues e as cervejarias. Os problemas do Brasil se resolveram com aquele gol do Neymar Jr, aos quarenta se sete minutos do segundo tempo. O resto é prosa. O quê? Lava jato? Feche as portas e reabra só depois da copa… ou depois da primeira derrota do Brasil, o que não é coisa tão difícil de acontecer.

E haja cerveja e copos para os brindes e vivas. Viva o Brasil! Afinal de contas, a terrível Costa Rica curvou-se ante o Brasil. E que venha agora a tradicionalíssima… tradicionalíssima… quem mesmo? Que vienga  el toro, mas que vienga muerto (Que espanhol escorreito, meu Deus!). E se não estiver muerto, matá-lo-emos, com nossos insuperáveis craques. É isso aí. E notaram que eu botei uma mesóclise, que é para homenagear o nosso presidente, que deve estar torcendo como ninguém para que o Brasil vença, não porque ame o futebol, mas porque ama o seu próprio sossego. Isso mesmo. Se o Brasil não vencer, voltarão os ataques ao mesoclítico senhor e ele não terá mais sossego. Se o Brasil não vencer, qual será a próxima greve? Que o brasileiro não queira imitar o romance Incidente em Antares, de Érico Veríssimo e promover uma greve dos coveiros. Na obra do escritor gaúcho, com os coveiros, como na realidade brasileira, com os caminhoneiros, deu certo. Bom deu certo para alguns. Por exemplo, deu certo para as grandes transportadoras. Porque para a população deu tudo errado. Ficou com desabastecimento durante algum tempo e com inflação por muito tempo ainda.

Mas agora é diferente. Vai Neymar!

BAHIGE FADEL

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