A denúncia foi registrada na Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT). Segundo a Polícia Civil, as meninas levaram apenas “prints” das conversas e, para o andamento das investigações, o delegado pediu para que levassem os aparelhos celulares.
O histórico das conversas vazou no último domingo (5) nas redes sociais e causou revolta. Segundo a denúncia, o grupo reunia alunos de vários cursos da universidade. Além disso, durante a conversa, imagens de alunas nuas também teriam sido compartilhadas. As mensagens possuíam teor machista e faziam incitação ao estupro.
Em um trecho é possível ver relatos como “Bora logo meter o estupro” e “Come ela por todos nós”. Outra pessoa retruca e fala “Estupro não. Sexo surpresa”. Em outros comentários é possível ler frases de teor racista como “Aí depois me perguntam por que não gosto de preto” e “Tô querendo comprar um anão. Acho que branco deve tá caro. Um negro deve ser mais barato”.
A reportagem entrou em contato com uma das vítimas que tiveram as fotos vazadas. Ela preferiu não comentar sobre o assunto com medo das ameaças.
Na última segunda-feira (6) após a divulgação das conversas, estudantes da Ufra realizaram um protesto no restaurante universitário da instituição. Foram colados nas paredes do prédio cartazes com trechos das conversas. Após o ato, uma reunião entre os estudantes foi marcada para debater o assunto.
Alunos da universidade fizeram outro protesto na tarde desta terça-feira (7) em frente ao prédio da reitoria, exigindo um posicionamento efetivo da administração da universidade sobre o caso. Segundo os estudantes, alguns pontos foram reivindicados. Entre eles está a expulsão dos envolvidos, a criação de uma ouvidoria e a criação de um regimento interno dos Centros Acadêmicos, já que alguns discentes envolvidos no caso eram de centro acadêmicos.
Uma das manifestantes, que preferiu não ser identificada, disse que esse caso expõe a insegurança que as mulheres sofrem na instituição. “Isso não é fofoca. Isso coloca em risco a vida dessas garotas. É deprimente essa situação numa universidade. Estamos sem proteção. Em um ambiente universitário essas coisas ainda acontecem infelizmente”, afirmou.
A UFRA disse em nota que repudia ações de apologia a crimes feitas por meio de aplicativos de celular, pelos quais incorrem em comentários de cunho capcioso, ilegal e indignos à pessoa humana, além de apresentarem-se inadequados ao ambiente acadêmico. A nota diz que não cabe a Universidade controlar conteúdos exauridos por alunos em aparelhos telefônicos pessoais, mesmo não compactuando com tais conteúdos.
A UFRA disse ainda que tem agido para prevenir e apurar infrações, prestando devido apoio psicossocial aos alunos e realizando encaminhamentos cabíveis.