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Possível reestatização da Eletrobras pode trazer riscos à economia, diz consultoria

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Tentativa de reversão de privatização imaginada por Lula mexeu com ações da empresa

Desde o seu período de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostrou contrário aos planos do governo anterior para as inúmeras privatizações que estavam engatilhadas. Já no seu primeiro dia de mandato, ele revogou uma série de processos, que envolviam oito estatais, entre elas: Petrobras, Correios e EBC.

No entanto, os ânimos esquentaram nos últimos meses justamente por causa de uma das estatais que passou a fazer parte da iniciativa privada em meados do ano passado. O processo para privatizar a Eletrobras se estendeu ao longo de vários meses e desde junho a União deixou de possuir um poder soberano sobre a companhia.

De acordo com o analista da Estoa, plataforma focada em investimentos e em pesquisas multi-setoriais, Diogo da Silva, as tentativas do governo de reestatizar a Eletrobras estão ligadas mais a uma questão ideológica. “A ideia de ter grandes empresas de setores importantes na mão do governo faz parte dos objetivos da atual gestão e ter novamente o comando da Eletrobras seria importante nesse ponto”, opina.

Ainda assim, o processo não é visto com bons olhos pelo mercado financeiro e nem mesmo pelos atuais comandantes da Eletrobras, que já se mostraram contra a uma possível reversão da privatização, emitindo até mesmo uma nota para tratar do assunto.

“A Companhia acredita que o processo de privatização foi conduzido em conformidade com as leis, e avaliará as medidas que eventualmente devam ser adotadas pela companhia visando a manutenção de ambiente confiável para a realização de investimentos”, disse a companhia em nota.

Nos últimos dias, Lula assinou um pedido da Advocacia Geral da União (AGU) que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal para questionar os moldes da privatização da empresa elétrica. O principal ponto abordado no texto é a perda de poder da União na Eletrobras. Após a privatização, o governo passou a deter somente de 43% da companhia, e tendo um limite de até 10% de direito ao voto.

Isto fez com que as ações da Eletrobras caíssem mais de 3% no último dia 8, em meio às apreensões do mercado em relação a este processo. “É normal, já que o mercado prefere as empresas privadas e as críticas recentes do presidente fazem com que a economia seja afetada momentaneamente. E com uma reestatização eu acredito que o valor de mercado dela pode cair”, afirma Da Silva.

Segundo o analista da Estoa, o comportamento do mercado nos próximos meses dependerá não só da continuidade de um processo de reestatização como também das declarações e a postura do presidente Lula, que acabam gerando uma recepção mais cética entre os investidores.

Viabilidade de uma reestatização

Além de não ser bem vista pelo mercado, a reestatização também pode gerar certos riscos ao mercado de ações e à economia como um todo. Um dos principais são os valores que seriam envolvidos nisso.

De acordo com a Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel), uma possível reestatização poderia chegar a custar mais de R$ 160 bilhões aos cofres públicos, valor bem acima dos quase R$ 34 bilhões que ficaram sob posse do governo federal quando a Eletrobras foi privatizada.

As cifras gigantescas levariam o governo para um caminho contrário do que foi proposto no início do ano, com o intuito de buscar novas formas de aumentar a arrecadação para zerar o déficit das contas públicas até o fim do mandato em 2026. Na visão de Da Silva, “reverter a privatização não é viável neste momento, pois todos os planos com o arcabouço iriam por água abaixo”.

Outro ponto citado pelo analista da Estoa foram os objetivos da reestatização. Segundo ele, “A Eletrobras deixar de ser uma privatizada neste momento não seria algo benéfico, já que esse processo usaria grande parte do dinheiro público, tirando verba de outros setores, e ainda abriria precedentes para outras estatais como a Vale, por exemplo”, conclui.

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