O coordenador temático do 8º Fórum Mundial da Água, Jorge Werneck, considera equívoco o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) adotar como uma de suas principais bandeiras ser contrário à privatização da água. Ele lembra que no Brasil, por lei, a água é um bem público e dotado de valor econômico. Como bem público, explica ele, sua privatização é impossível. Só é privatizável o serviço público, e não o bem.
“O que se tem é que em algumas localidades o serviço de coleta da água, tratamento, distribuição para a população é privatizado. Existem companhias privadas atuando no setor, assim como existem empresas públicas. Este contexto será debatido no Fórum”, explica.
Werneck ressalta ainda que, durante o processo de construção do Fórum, as coordenações envolveram representantes da sociedade mundial. “Convidamos cerca de 600 ONGs [organizações não-governamentais] de todo o mundo. Em todas as mesas de discussão, haverá diversidade e pluralidade de opiniões. Teremos, inclusive, mesas específicas sobre a tragédia de Mariana e sobre os comitês de bacias hidrográficas”.
Essa é a primeira vez que o Fórum terá espaços abertos para a sociedade, com a Vila Cidadã e a Feira de Exposições, para mobilização e com livre acesso para a sociedade. Serão realizados debates técnicos, com várias atividades, festival de cinema e atividades lúdicas.
Na visão do especialista, o Fórum Mundial da Água será uma oportunidade para as pessoas mostrarem suas experiências e, com base nelas, compartilhar e buscar soluções quanto ao acesso à água, inclusive para comunidades quilombolas, indígenas e pequenos agricultores.
“Os sistemas isolados são, sim, um desafio e por isso também são temas dentro do Fórum. Trata-se de uma plataforma de discussão onde as pessoas vão debater e compartilhar experiências, para que a gente solucione os problemas relacionados a água e saneamento. Os desafios são muitos ainda pelo mundo e temos que trabalhar nesse sentido do desenvolvimento sustentável de ter água e saneamento para todos”, finaliza Werneck .