Os jovens há mais tempo hão de me entender melhor. Vocês, por acaso, se lembram daqueles programas de calouros que existiam na TV do século passado? Lembram? De tão ridículos que eram ficavam engraçados. Os programas, na realidade, não existiam para revelar grandes artistas. Com raras exceções, esses programas existiam para divertir a plateia e os espectadores. Ou eram pessoas muito feias, ou eram pessoas excêntricas. Não havia muitas regras. A única coisa em comum que havia entre esses calouros era que eram ridículos. Tudo que se propunham a fazer faziam muito mal. E todos se divertiam. Eram gargalhadas totais. Até o apresentador se divertia. ‘Vai para o trono ou não vai?’
Lembrei-me desses programas antigos quando comecei a observar a lista de candidatos a presidente da república. Parece um desfile de calouros. Pessoas ridículas, que não acrescentam nada à história do Brasil. Vão se apresentar na TV para divertir a plateia e os espectadores. Umas são desconhecidas. Outras, muito conhecidas. Com raras exceções, como nos antigos programas de calouros, nunca fizeram de maneira satisfatória aquilo a que se propuseram. E se apresentam como candidatos a PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO BRASIL. Sim, senhores, é isso mesmo que estão lendo. Não estão se apresentando como candidatos a presidente de um clube da várzea. Mesmo porque posso dizer-lhes que conheci muitos presidentes de clubes da várzea melhores que os candidatos que se oferecem para dirigir um país com mais de duzentos milhões de habitantes.
Só que – lamento dizer isso – o atual programa de calouros não tem graça nenhuma. Uma dessas pessoas ridículas poderá ser a escolhida para ir para o trono. Será o caos. Não receberá, como nos antigos programas de calouros, um abacaxi ou um pedaço de bacalhau. Ganhará o Brasil. Um país gigantesco, que nunca deixa de ser o país do futuro, para ser o país do presente. Um país com um povo descrente, desempregado, desiludido, desconfiado. Um povo que se cansou de esperar dos políticos uma solução para os seus problemas. Um povo que, de tantas desilusões e decepções, chega a pensar no retorno da ditadura militar. Um povo que sequer consegue reclamar pelos seus direitos mais simples, como educação e saúde.
E o pior de tudo é que nesse programa de calouros atual os candidatos não são calouros. São só – com raras exceções, repito – incompetentes, oportunistas, desprezíveis. ‘Teresinha!’