Nesta época do ano, os amigos, nas conversas de barzinho e/ou confraternização, costumam desejar boas festas uns aos outros e, ao mesmo tempo, colocar a culpa em alguém pelos infortúnios ocorridos, pelo desemprego que persiste, pela falta de dinheiro no bolso e pela ausência de saúde e tranquilidade. É comum e compreensível. E o governo é mais marretado do que Judas em sábado de aleluia. É o governo que é incompetente, malandro, corrupto, desonesto, mal-intencionado. O diabo! Precisa mudar tudo, do jeito que está não pode ficar, tem que votar em jovens, os velhos são bananeira que já deu cacho, os novos são a esperança. Um monte de coisas assim.
E há os revoltados. Alguns chegam a defender a violência, a ruptura total, a mudança do sistema político, o comunismo, a volta do regime militar, a destruição em massa dos políticos atuais. Um inferno! Para eles, não deve ficar pedra sobre pedra, deve-se reconstruir o país do nada, não aproveitar coisa nenhuma, que está tudo contaminado. Um terror!
E há os filósofos, os pensadores. Para esses, a questão é o ser humano, que, por princípio, enxerga o mundo com olhos voltados para si mesmo, não para o próximo. O que se deve fazer está além das mudanças políticas, da renovação de pessoas e programas, da alteração do sistema político. O que se deve fazer não é mudar pessoas, mas, sim, mudar o pensamento das pessoas. Para esses, de que adianta mudar pessoas e colocar no lugar das antigas novas que pensam de jeito semelhante? Não se mudará o erro, mas o agente do erro. E que importa quem erra? O que importa é que se deixe de errar. Assim, é preciso mudar o pensamento humano e transformá-lo numa fórmula solidária, em que interagem os princípios sociais e éticos que representam o desejo máximo da população. Os filósofos não esclarecem, no entanto, quais são, verdadeiramente, esses princípios.
Pois é, cada um diz o que pensa e o que quer. Ninguém dirá algo que nunca foi dito. Dir-se-á a mesma coisa da mesma maneira ou de maneira diferente. Haverá infindáveis propostas de mudanças, como se o fato de se mudar algo seja a certeza de que será melhor. Na verdade, não há mágica política, de esquerda, centro ou direita, que faça surgir o sistema perfeito de transformação do mundo ou, ao menos, de transformação do país para melhor. Não existe. Nem que a gente esteja com o espírito natalino, vai aparecer alguma mágica capaz de nos trazer o que queremos.
E o que queremos? Ser felizes, claro. E como sê-lo? Em primeiro lugar, é preciso ter o propósito de agir coletivamente por um mundo melhor. Em segundo lugar, é preciso ter paciência, porque o que for ocorrer para melhorar não ocorrerá de uma só vez. Em terceiro lugar, é preciso estar alerta e não se deixar enganar. Em quarto lugar, é preciso não ter medo das mudanças, desde que sejam calcadas em atos seguros e conscientes. E por fim, é preciso confiar em alguém. Em quem? É aí que está a grande tarefa do cidadão para 2018. Procurar alguém comprovadamente confiável e dar-lhe meios de agir pelo o bem comum.