De acordo com a médica veterinária Flávia Miranda, presidente do Instituto Tamanduá, a coloração da mucosa e os olhos vermelhos confirmam que é um animal albino. “O registro é raríssimo, há poucos relatos de tamanduás-mirins com essa mutação. Inclusive estou orientando a aluna brasileira de pós-doutorado Cintia Povill que está estudando na Alemanha o genoma dos tamanduás-mirins para entender melhor essas diferenças genéticas”.
Essa mutação genética, por exemplo, que causa a ausência de melanina no corpo, pode ocorrer por diversos fatores e, infelizmente, nesse caso, pode ter relação com a perda de hábitat da espécie.
“A gente tem 1% do Cerrado no estado de SP e isso pode criar uma situação em que a população dos tamanduás diminui junto com o habitat, causando o que chamamos de endogamia, que é quando há cruzamentos entre animais com graus de parentesco. Isso tudo pode ocasionar o aumento de chances de ocorrer o albinismo, mas é somente uma hipótese, já que não há um estudo genético nesses animais aqui da cidade”, explica o médico veterinário Rogério Loesch, que é do pelo Projeto de Conservação do Tamanduá-Bandeira de Botucatu.
De toda forma, a perda do hábitat gera diversos outros problemas para as espécies de tamanduás, que precisam de proteção. O projeto está trabalhando em um levantamento da quantidade de tamanduás-bandeiras e mirins da cidade para o planejamento de políticas públicas.
Em relação ao animal albino flagrado essa semana, o projeto colocará esforços de campo na região para tentar localizar o tamanduá. O objetivo é monitorar a área e obter, com o ICMBio, uma autorização para a captura. “Caso isso aconteça, nossa equipe coletará material genético para estudo no próprio local que o encontrarmos. Não levaremos para cativeiro, queremos ele solto e na natureza”, finaliza Loesch.
Fonte: G1